"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

domingo, 7 de junho de 2020

Abraçando SC, Serrana

Dia 07 de junho de 2020, estaríamos hoje chegando em Frankfurt, Alemanha, para pegar nossas motos e no dia seguinte começar o roteiro pela Escandinávia e Países Bálticos... como o tal corona estragou a brincadeira, fui rodar por aqui mesmo!

Seguindo meu projeto Abraçando SC montei dois roteiros para fazer na sequência, um de 02 dias e outro 03 dias. Minha ideia foi sair domingo, e como a previsão colocava somente dois dias sem chuva foi esse que escolhi, Região Serrana.

Verde: visitadas    Azul: visitar     Roxo: este roteiro

1070km, 02 dias, 19 municípios

Sai as 7h15 com uma boa temperatura de 13 graus, BR470 tranquila, sem nenhum movimento, sentido Oeste até Pouso Redondo onde fiz minha primeira parada para um café. Por sinal, fica a dica, uma nova padaria chamada Dona Nita, logo na pista em frente ao Posto Scoz.



Um pouco mais a frente entrei na SC114 sentido Otacílio Costa, estrada que já passei dezenas de vezes mas sem nunca registrar os municípios do caminho. Depois já parei em Palmeira na mesma estrada. As duas cidades bem pequenas, vivem creio das usinas de papel que tem por ali, uma Klabin.





reparaem nas máscaras no condutor e no cavalo hehe


Ali o tempo começou a ficar bem ruim, garoando muito, frio, cerração... Por ali a altitude já é perto dos 1000m. Cheguei em Lages e parei em um posto para um café, resolvi arriscar tocar em frente, mesmo sabendo que eu teria trecho de terra pela frente. É muito complicado andar por nosso estado, e creio que seja realidade do Brasil mesmo. No posto dois me informaram que a estrada que vai de Vargem para Abdon Batista e depois Anita Garibaldi estava asfaltada, mas sabe como é, gato mordido de cobra tem medo até de linguiça, então fui me informando e mudando minha rota de acordo.

Primeiro segui até São José do Cerrito, pela BR282, uma das nossas maiores rodovias estaduais, quase 700km, corta praticamente o estado de leste a oeste. Estrada estava boa, boa conservação. Para quem não sabe SC tem muito poucas estradas duplicadas, a BR101, BR116 (parcialmente), a BR470 em fase de duplicação (inicial e eterna), a BR280 alguns pequenos trechos... no mais apenas trechos de entrada de cidades.





55km a frente ainda pela BR282 cheguei em Vargem. Me informei de novo e a estrada até Abdon Batista e depois Anita Garibaldi era terra, e não asfalto como disseram no posto. Teria também terra entre Celso ramos e Anita Garibaldi. Aí resolvi ir primeiro até Celso Ramos, retornar até Abdon e depois encarar a terra que já deveria estar seca até Anita... e fui assim !

uma das diversas passagens pelo Rio Canoas

Prefeitura de Vargem

Igreja São Judas Tadeu, construída em madeira pelos imigrantes

Saindo da BR282 encontrando a BR470, primeiro parei em Campos Novos para registrar o município, depois peguei a SC135 passando sobre a Usina Hidroelétrica de Campos Novos. Lugar muito bonito.



Paróquia São João Batista - Campos Novos SC




Usina Hidroelétrica de Campos Novos

Parei em um mirante para tirar as fotos e ali encontrei dois guris e uma moça jogando cartas na mureta, com aquela paisagem de fundo, legal. Aproveitei para perguntar sobre as estradas, e um dos rapazes conhecia bem a região e me deu a dica da estrada até Abdon.

Celso Ramos é realmente muito pequena, se tem prefeitura não encontrei, então ficou o registro do Portal da cidade.


Voltei pelo mesmo caminho até uma estrada SC284 que mal aparece no Google Maps, estrada para Ibicuí eles conhecem, e essa que é a estrada asfaltada até Abdon Batista. Ali tem uma grande Usina de celulose, deve ser por isso. Abdon fica bem próximo ao Rio Canoas, região muito rica em verde e água. 



vista do Rio Canoas





Me informei de novo e segui pela SC452, por terra, até Anita Garibaldi. Aqui vale comentar que faz muita diferença ter feito o curso de offroad com o amigo Vantuir Boppre. O trecho foi uns 30km, estrada de média dificuldade (para mim, claro), terra bem batida e muitas pedras grande e agudas. Mais perto do final que a coisa quase complicou, pois teve uns três trechos de subida íngreme com muita pedra e curvas. Mas como o Vantuir ensinou, na dúvida acelera... o problema nessa horas é estar sozinho, no meio do nada com coisa nenhuma, com a moto de mais de 250kg e ainda com bauletos.




Enfim cheguei em Anita Garibaldi! Cidade bem pequena mas simpática, tudo bem organizado, gostei.
Fato é que a maioria dos brasileiros pouco sabem sobre sua história... Perguntei para a atendendo do posto sobre Anita, ela mal sabia quem era, só sabia que ela tinha atravessado o rio a nado hehe


Ana Maria Ribeiro da Silva, Anita Garibaldi, foi a "Heroína dos Dois Mundos", nasceu em 1821 na cidade de Laguna, filha de família humilde vinda dos Açores. Casada com um sapateiro, apaixona-se pelo italiano Giuseppe Garibaldi em 1839.

Giuseppe Garibaldi, general italiano que desembarca no Rio de Janeiro, em 1935, fugindo de seu país, após lutar pela unificação de toda a península itálica sob a forma de república. Com o fracasso do golpe, Garibaldi foi condenado à morte, começando então uma vida de exílio. Refugiou-se na França e depois veio para o Brasil, onde já se encontravam outros exilados italianos.
No RS se juntou ao movimento Revolucionário Republicano, chefiado por Bento Gonçalves da Silva, colocou à sua disposição um veleiro, doze homens e alguns fuzis.
Durante a Guerra dos Farrapos, Giuseppe Garibaldi executou diversas façanhas, entre elas, tomou a cidade de Laguna, em Santa Catarina, ampliando os limites da República.

Em 1839 é capturada durante a Batalha de Curitibanos, mas consegue fugir a nado pelo rio Canoas, para se encontrar com Garibaldi em Vacaria. Dois anos mais tarde vai para o Uruguai, e participa da defesa de Montevidéu contra o ex-presidente Oribe. No ano seguinte se casa com Garibaldi e parte para a Itália. Segue lutando ao lado dele na unificação do país, dando provas de grande bravura, em episódios como a Batalha do Gianicolo. Com a derrota de Garibaldi, os dois são forçados a fugir de Roma, vestidos como soldados e grávida de cinco meses, adoece em Orvieto, próximo à província de Ravenna, acometida por febre tifoide e não resiste.



Já era 16h e eu ainda queria passar por mais duas cidades antes de pernoitar em Lages. Sendo quase inverno já está escurecendo perto das 18h. Fui então pela SC390 sentido leste, que por sinal é uma estrada muito linda, bem conservada e prazerosa de pilotar, passando primeiro em Cerro Negro, depois em Campo Belo do Sul e por último nesse dia em Capão Alto.

abóboras


Cerro Negro SC

Campo Belo do Sul SC


Capão Alto SC

Cheguei em Lages já quase escuro, fui direto para o centro no hotel Le Canard que tinha já colocado no GPS. Deixou a desejar, esperava um pouco mais, mas tinha bom chuveiro e boa cama. Faltou um aquecimento melhor, pois a bicho pegou de madrugada. Sem problemas, pois estava com as segundas peles boas.

O jantar foi bem ao lado do hotel numa pizzaria que o Trip Advisor já mostrava como sendo muito boa. Acabei pedindo uma paçoca de pinhão acompanhada de uma Cerveja Weizen.


Acabei dormindo bem cedo, coloquei o relógio para 6h da matina. Ao acordar desisti, estava 5 graus... Dormi mais um pouco e as 7h30 me arrumei para o café e sair, que acabou sendo pelas 8h15.


Depois de registrar a Igreja Matriz, praça onde também fica a prefeitura, peguei estrada. Muita cerração e um frio cortante, 4 graus. Fui obrigado a parar e colocar o protetor de mão, pois mesmo com o aquecedor de manopla no máximo não estava dando certo.


Lages é a 4ª mais antiga cidade de SC, 1766! e a maior em extensão territorial. Sua origem é a rota dos tropeiros.


Lages debaixo da cerração matinal

Pela BR116 passei por Correia Pinto e depois Ponte Alta, trecho bem complicado pois peguei 4 graus e uma cerração tão forte que parecia chuva, visibilidade mínima. 

Correia Pinto SC

Correia Pinto SC

Ponte Alta SC

Ponte Alta SC

Ponte Alta SC

Voltei pelo mesmo caminho, pegando a BR282 novamente e entrando na SC114 sentido Painel.

Painel SC


Segui para Urupema, ali cheguei no ponto mais alto da viagem, 1541m de altitude na estrada.
Quase subi no morro das antenas para uma foto, mas iria me atrasar bastante, então fica para uma próxima visita.






Próxima parada, Rio Rufino e depois voltei um trecho da BR280 até Bocaina do Sul. Aproveitei para almoçar por ali, em um restaurante de estrada, bem gostoso. Depois fui até meu último ponto do roteiro, último município dessa viagem, Bom Retiro.



Rio Rufino SC

Bocaina do Sul SC

Prefeitura de Bocaina do Sul SC





Bom Retiro SC

Dali consultei o maps para ver o que estaria mais rápido até Blumenau, pois tinha opção de ir por Otacílio, por Ituporanga ou até pelo Litoral. Acabei optando por Ituporanga saindo em Rio do Sul, mesmo sabendo que tinha congestionamentos por causa da duplicação, de moto ainda foi vantajoso.

Cheguei em casa perto das 17h !

Mapa atualizado, falta pouco...



Resumo dos municípios visitados





Um comentário:

  1. Legal, parabéns por mais esta etapa, pena não poder acompanhar. Mas, terão outras. Celso Ramos tem prefeitura sim, pequena, apesar no nome Ramos ser imponente em SC.

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