"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Foz do Iguaçu - Brazil Riders

Passeio com emoções fortes, boas e ruins!

A mais de mês viagem programada para um encontro do Brazil Riders em Foz do Iguaçu PR. Montei um roteiro bem legal onde boa parte do trajeto seria por estradas ainda não percorridas, todas de asfalto, tranquilo, pelo menos deveria ser...

Saí na quinta com destino a Guarapuava PR, lá encontrei com o Roberto Tadeu e a Sueli, Thiago e Mari, Matheus que saíram de Peruíbe SP e o Roberto Saraiva e a Leda de Florianópolis SC.

Como sempre gosto de fazer traço rotas alternativa por estradas ainda não percorridas então toquei sentido Mafra SC que já fiz e dali estradas novas passando por Canoinhas SC, Porto União SC que faz divisa com União da Vitória já no PR, depois subindo por Mallet PR até Irati PR na BR277 e tranquilo até Guarapuava PR.

Esse caminho de 550km valeram boa parte do passeio pois pude conhecer muita coisa legal.

Nascer do sol na estrada, bom demais

Pomerode sempre linda

Um moscão na beira da represa

Escultura em madeira Pórtico de Canoinhas SC

Pórtico de Canoinhas SC

Antiga estação ferroviária de Poço Preto, localidade em Porto União SC

Estação Ferroviária de Poço Preto - Porto União SC

A linha do São Francisco teve o primeiro trecho entregue pela E. F. São Paulo-Rio Grande em 1906, ligando o porto de São Francisco (hoje do Sul) a Joinville. Em 1910, a linha foi prolongada até Hansa (Corupá), em 1913 até Três Barras, e finalmente em 1917 atinge Porto União da Vitória, de onde deveria continuar até atingir Foz do Iguaçu, Este último trecho jamais foi construído. A linha se entronca com o Tronco Sul em Mafra e com a antiga Itararé-Uruguai em Porto União da Vitória. O último trem de passageiros, na verdade uma litorina diária, passou pelo trecho entre Corupá e São Francisco do Sul em janeiro de 1991. O trem misto que servia à linha já não existia desde 1985. Depois disso, apenas alguns trens a vapor turísticos da ABPF têm percorrido a linha, principalmente na região de Rio Negrinho. O trecho entre Mafra e Porto União esteve durante anos abandonado, tendo sido recuperado durante o ano de 2004, mas continua com o tráfego muito escasso. Já o trecho entre Mafra e São Francisco tem grande movimento de cargueiros da concessionária ALL.




Esculturas em madeira de Itacir Bortoloso no Portal José Tarlombani
Porto União SC


Quando estava analisando o roteiro encontrei na região algumas fotos de igrejas muito bonitas, todas em madeira, com cúpulas grandes, muito interessantes. Fui pesquisar e vi que são  Igrejas Greco-Católica Ucranianas, uma delas ali perto a primeira do Brasil.
Gosto muito de fotografar igrejas, não por religiosidade pois creio que meu maior templo seja minha consciência, mas na maior parte a arquitetura utilizada para expressar o amor por algo maior é realmente algo que me fascina.

A primeira que visitei ficava ainda em União da Vitória, 5 km de uma boa estradinha de chão saindo da PR477. Estava fechada e não pude ver dentro, mas fora é muito bonita, diferente, simples e bem cuidada. O lugar também ajuda !



Depois fui e direção a Mallet PR também entrando numa pequena via que de início é toda calçada de pedras e depois um pouco de chão batido (2,5 km), até a Igreja São Miguel Arcanjo localizada na comunidade da Serra do Tigre.


Igreja São Miguel Arcanjo

Construída por imigrantes ucranianos, por volta de 1899 e concluída em 1903, toda em madeira, com cobertura de telhas de madeira e de barro, apresentando em seu interior pinturas com as imagens de São Nicolau, Nossa Senhora, São José entre outros; no altar está a imagem de São Miguel Arcanjo. Os tecidos que cobrem o altar e as mesas possuem bordados com desenhos em estilo ucraniano. A construção é feita com paredes triplas, onde a madeira foi encaixada, com pouco uso de pregos, em estilo Ucraniano-católica é a mais antiga existente no Brasil, mantendo toda a sua estrutura original. Serviu de modelo para a construção da réplica existente no Memorial da Imigração Ucraniana, no Parque Tingüi em Curitiba.




E a aventura continuou, mais uns 40km e parei na Cachoeira da Pedreira. Local bem agradável, estava totalmente vazio pois era dia de semana, mas deve agitar muito no final de semana, ainda mais no verão. Nem se via as pedras da cachoeira devido ao grande volume de água pois chove muito na região nesse período.


antiga pedreira

Cheguei em Guarapuava as 16h britanicamente como tinha programado. Achei que o grupo já estaria por lá, pois estavam 1h a minha frente, mas não, chegaram uns 20 min depois. Normal, grupo maior é assim. Duas BMW 1200GS, uma Kawa ER6N e uma CB300.


Guarapuava PR

Guarapuava (do tupi-guarani: guará  lobo e puava: bravo) foi o nome dado aos campos gerais descobertos em 1770, com área primitiva de 175.000 km². O território fazia limite com o Rio dos Patos (Ivaí) até o rio Paraná, por este até Corrientes (Argentina) e dali atravessando o sertão até encontrar o Rio Uruguai por este acima até e além das fronteiras dos Campos de São João, procurando o Porto União no Rio Iguaçu e no mesmo rumo até chegar novamente no Rio dos Patos.

O povoamento de Guarapuava foi o resultado de um processo histórico iniciado no século XVIII, com as Expedições do Tibagi e levado a cabo pela Real Expedição de Conquista do Povoamento dos Campos de Guarapuava, comandada por Diogo Pinto de Azevedo Portugal, que chegou à região em 17 de junho de 1810 e fez construir o Fortim Atalaia, onde abrigou as primeiras tropas, seus familiares e povoadores que dela fizeram parte. O Fortim Atalaia protegeu os componentes da Expedição dos frequentes ataques dos índios, pertencentes às três tribos que habitavam a região (Camés, Votorões e Cayeres ou Dorins)

Oficialmente, a cidade surgiu com a assinatura do Formal de Instalação da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, em 9 de dezembro de 1819. Após a instalação da Freguesia, passou a ser vila em 17 de julho de 1852 e, devido ao progresso do povoado, em 12 de abril de 1871, elevou-se à cidade, tornando-se um dos promissores municípios do Paraná.

Fica em cerca de 1200m de altitude e hoje tem 172mil habitantes, nona cidade do estado.


O Roberto já tinha pesquisado e encontrado uma chopperia artesanal chamada Donau Bier, então pegamos uma vã pra nos levar até lá, assim poderíamos encher os canecos literalmente. Apesar da lerdeza do motorista que nem sabia chegar no local, conseguimos encontrar, e valeu a pena. Lugar muito legal, ambiente agradável, bom chopp, ótima bebida, ainda mais com a companhia de bons amigos.


Um pouco do que comemos: Schweineschnitzel mit Pommes frites und Salat (Bife Suíno Empanado com Fritas e Salada), Bratwurst mit Kartoffelsalat (Linguiça Suína Assada com Salada de Batatas), Eisbein mit Sauerkraut (Joelho de porco com chucrute). Comemos muito bem e ficou em 36 por pessoa com uns 4 chopps, bom né ?!?!



O hotel que ficamos foi o San Marino Palace Hotel (www.sanmarinopalace.com.br) muito bom, preço justo (100,00 a diária individual), ótima cama, chuveiro, estacionamento coberto e farto café da manhã, recomendo.

Na sexta saímos cedo 8h, estava bem friozinho, ainda com céu limpo, ainda...

9,5 graus

Não demorou muito e o tempo fechou, chuva direto até Foz, visibilidade bem prejudicada, pista bem travada, mas fomos seguindo com segurança.

Fretista, ops não! Roberto Saraiva...


Chegamos em Foz umas 16h debaixo de água ainda. Chek-in no hotel Damen (hoteldamen.com.br) (depois entendi que era DêAmen por ainda estar funcionando...), na minha opinião péssimo. Sempre faço minhas reservas pelo booking pois consigo ver comentários de hóspedes, mas esse me enganou direitinho. Me colocaram em um quarto no calabouço, no banheiro o teto de gesso tinha um enorme furo e uma goteira que pingava bem em cima do vaso, chão estava todo molhado e o tapete do banheiro todo manchado. Quarto totalmente úmido, claro. Fui na recepção e solicitei novo quarto, com cara de bunda o carinha me mandou pra um dois pisos acima e não me ofereceram nem ajuda pra levar a bagagem, tive que fazer em duas viagens. O novo quarto estava melhor, exceto pelo higiene do banheiro, pelos grudados nos ladrilhos da parede. Nada fácil...

tentando secar um pouco as roupas

Pelas 20h seguimos até o local do encontro BR, o CTG Charrua. Local muito legal, com quatro grandes galpões mais uma grande estrutura para festas. O encontro ficou um pouco prejudicado por causa da chuva que atrapalhou muitos motociclistas para chegarem, uma pena, mas mesmo assim estava bem animado. Bom rever amigos como o Edson Mesadri e o Sandro Fadanelli. O jantar foi um rodízio de bisteca (chuleta), muito boas, comi até passar mal, o buffet também estava ótimo, comida simples preparada como em casa, bem temperada.


Cansados fomos embora pra dormir ainda chovendo. Era a primeira visita de Thiago, Mari e Matheus a Foz então no sábado tínhamos uma agenda cheia para as visitas.

De manhã pra nossa alegria e surpresa, céu azul! Pegamos uma van novamente, o Edenir "Didi" (45 9926-0940 / 9126-0949), muito gente boa, educado e prestativo nos acompanhou e deu dicas o dia todo. Primeiro fomos até as cataratas do lado brasileiro somente.



Matheus, Thiago, Mari e eu


Leda, Beto Saraiva, eu, Roberto Tadeu e Sueli

Depois fomos pra Ciudad del este, credo, lugarzinho terrível, só valeu pois comprei presentinhos pros meus de casa. Dá uma olhada no muquifo do lugar, parece coisa de cinema. Pelas 16h como já era esperado começou a chover.


Puerto Iguazu apesar de muito simples e pequena é bem diferente, limpinha, organizada, bons estabelecimentos, pena que não jantamos por lá. Fomos até a feirinha, legal demais, muitos produtos artesanais, azeitonas, queijos, salames, copas, doces de leite vinhos... mais algumas comprinhas. Vim com a bolsa traseira vazia só pra levar essas coisas.



O jantar foi em outra pavilhão do CTG, mas basicamente só comemos e fomos pro hotel pois o dia de domingo já prometia ser complicado por causa da chuva,só não precisava ser tanto !!!

CTG Charrua


Beto e Leda optaram por ficar em Foz até o tempo melhorar. Eu e os demais saímos as 6h da matina, ainda escuro, chovendo moderadamente.

Roberto usa camisinha pra fins diferentes...


A ideia era voltar pela BR280, muito conhecida por aqui como sendo um caminho bem direto pra Foz. Queria fazer os 900km no domingo mesmo então era uma boa opção, além de ser um trajeto que ainda não tinha feito de moto. Aí começa a novela... Toquei com o grupo até um pouco antes de Cascavel, eles continuaram pela BR277 até Peruibe SP demorando "só" 17h30 de viagem pra fazer 1100km.

Eu entrei na PR163 sentido Lindoeste, CapitãoLeonidas Marques, trecho que já tinha feito no ano passado quando fui no BR de Marechal Candido Rondon (ver relato), naquela vez tudo muito tranquilo, a estrada estava boa. Já no início percebi um buraco ou outro na pista, minha velocidade não era alta até pela chuva e visibilidade ruim. Peguei uma cratera em cheio... na hora imaginei que deu M, pela pancada, logo em seguida senti que o pneu esvaziou de imediato, a moto muito segura não saiu de frente, olhei e não vi carro vindo atrás e nem de frente, assim deu tempo de parar no acostamento com segurança e encostar a moto corretamente.


Fui olhar o estrago, estava feio... roda dianteira amassou muito feio em dois lugares, a traseira também, mas menos, não chegou a esvaziar.
Ferrou... chovendo, frio, nada por perto, nem mesmo um abrigo da chuva.




Primeira providencia agradecer por não ter sido pior, eu não cai, tudo certo. Depois liguei pro Rafael Marquetti meu corretor de seguros, sempre muito prestativo, mesmo sendo domingo, deu toda a atenção necessário de forma mais rápida que possível. Eram 8h30 quando liguei, 2h depois estava chegando um motorista da seguradora com um Corolla pra me levar pra Blumenau e quase junto o guincho pra levar a moto.

com frio, molhado e muito puto



A volta de carro foi outra novela, pra começar 100km a frente foi a roda do Corolla, nova cratera e o pneu furou. 1h pra trocar, achar uma borracharia e fazer o serviço, novo atraso. Não dava pra andar acima de 60/70 km/h pois tinha que frear e desviar o tempo todo, absurdo, revoltante. Quando entramos em SC melhorou.

O motorista era um Sr. de Cap. Leonidas Marques, 58 anos, bem gente boa, falou os 700km de viagem, sem parar. Já foi vereador, vai se candidatar de novo, colorado fanático, viciado em política e futebol. Me contou a história da vida dele, e de mais um monte de gente.

Cheguei em casa 22h, que dia... a moto chegou no outro dia pelo meio dia.

Apesar de todo estresse, da falta de vergonha na cara de um governo corrupto e incompetente que não usa o dinheiro dos impostos que pagamos pra manter o mínimo de navegabilidade nas rodovias federais, mesmo com tudo isso ainda guardo algumas ótimas recordações dessa viagem.

Obrigado pela companhia dos amigos queridos !!!