"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

terça-feira, 28 de junho de 2016

De mota por terras Lusas





Nesse ano de 2016, eu e a Mi completamos 20 anos de casados (28 juntos), assim fomos fazer uma lua de mel em Portugal. Andamos de trem, taxi, metro, bondinho, carro e é claro Moto !

Já tinha reservado a moto, o amigo Cícero Lima (que conhece aquelas terras muito bem) me indicou a Ana Paula Santos que organizou tudo com a Northroad.pt, tudo perfeito, todos muito atenciosos e profissionais. Agradecimentos especiais a todos.


Quem não estava de bom humor no dia foi São Pedro (nem vou chamar ele de San Pietro pois fiquei bravo com ele). Nós só tínhamos um dia para fazer o passeio de moto, e justamente nesse, choveu... mas minha teimosia sempre foi maior que as pedras em meu caminho, então vamos que vamos.

Logo de manhã saímos do hotel e fomos até a loja da Northroad.pt, ainda não chovia, apenas nublado. Fomos atendidos pelo Manuel Ferreira, gente muito boa, nos ajudou em tudo. A mota (moto em Portugal) foi uma F700GS, 45mil km como nova, muito bem cuidada. Topcase, luvas, capacetes e até capa de chuva nos forneceram. Levei meu GPS Zumo já com os mapas, então só encaixei meu suporte que trouxe junto.

Vale comentar que mesmo sendo uma cidade muito grande, achei o trânsito de Porto e região muito tranquilo, creio que comprando com o caos do nosso trânsito brasileiro. Seguindo a dica do Manuel fomos pelas A28. Ah, apesar de pedagiada lá as motos também usam o  sistema de cobrança eletrônica Via Verde, um aparelhinho que ao passar pelas praças de pedágio cobra automático (igual o Sem Parar daqui do Brasil). Nas autoestradas, as maiores, nem tem cabine de cobrança, é só por esse sistema.


Logo que pegamos a estrada começou a garoar, depois virou chuva mesmo. Paramos e colocamos a capa (só blusa, calça jeans). É, não estávamos com roupa apropriada, foi um "risco" calculado, pois seria muito complicado levar e como era pra estar quente e seco...



Seguimos pela autoestrada até Viana do Castelo onde aí pegamos uma estrada menor, bem mais legal, com lindas vistas, antigos casarios, parreirais e outras belezas.


A Europa nos surpreende a cada curva, um castelo, uma ponte medieval (ou até mais antiga), torres e outras maravilhas da história estão sempre em nosso caminho, que bom !


Chegamos em Ponte de Lima com uma leve garoa, um pouco molhados e com bastante frio, acreditem: 7 graus pegamos no caminho hehe Para quem achava que iria passar calor... A Mi estava até batendo os dentes. Estacionamos a moto e fomos tomar um merecido café. Ahhhh o café de Portugal, que delícia, dos melhores, sabem como fazer e servir.



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PONTE DE LIMA

Vila portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, banhada pelo Rio Lima. É a vila mais antiga de Portugal. A Condessa D. Teresa de Leão quem, na longínqua data de 4 de Março de 1125, outorgou carta de foral à vila, referindo-se à mesma como Terra de Ponte. Anos mais tarde, já no século XIV, D. Pedro I, atendendo à posição geo-estratégica de Ponte de Lima, mandou muralhá-la, pelo que o resultado final foi o de um burgo medieval cercado de muralhas e nove torres, das quais ainda restam duas, vários vestígios das restantes e de toda a estrutura defensiva de então, fazendo-se o acesso à vila através de seis portas.

A ponte, que deu nome a esta nobre terra, adquiriu sempre uma importância de grande significado em todo o Alto Minho, atendendo a ser a única passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. A primitiva foi construída pelos romanos, da qual ainda resta um troço significativo na margem direita do Lima, sendo a medieval um marco notável da arquitectura, havendo muito poucos exemplos que se lhe comparem na altivez, beleza e equilíbrio do seu todo. Referência obrigatória em roteiros, guias e mapas, muitos deles antigos, que descrevem a passagem por ela de milhares de peregrinos que demandavam a Santiago de Compostela e que ainda nos dias de hoje a transpõem com a mesma finalidade.

A partir do século XVIII a expansão urbana surge e com ela o início da destruição da muralha que abraçava a vila. Começa a prosperar, por todo o concelho de Ponte de Lima, a opulência das casas senhoriais que a nobreza da época se encarregou de disseminar. Ao longo dos tempos, Ponte de Lima foi, assim, somando à sua beleza natural magníficas fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, aumentando significativamente o valor histórico, cultural e arquitectónico deste rincão único em todo o Portugal.
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Agora mais aquecidos fomos conhecer a belíssima vila.





A ideia inicial era sair dali e seguir até Soajo na fronteira com Espanha, entrar e fazer a volta e retornar para Porto. Estávamos só 45km da Espanha. Mas o tempo continuava muito ruim, então em respeito a minha garupa desistimos.

Já que não ia ter mais passeio, vamos comer !!! O restaurante escolhido foi dica do amigo Valter Viana (coincidência né, pois Ponte de Lima fica do distrito de Viana do Castelo). Taverna Vaca das Cordas, muito gostoso. Ali experimentamos as Pataniscas, um tipo de bolinho de bacalhau mas feito com uma massa de farinha, gostoso, mas não igual aos pasteis (bolinhos) tradicionais. Eu fui de Polvo a galega e Favas com chouriço.
Dizer que comemos bem em Portugal é redundante.




Aí pegamos a estrada de volta, já mais seco, não chegamos a molhar muito na volta. Foram só 180km, mas valeram demais o dia.

Falando um pouco mais de motos na viagem: Tem moto em tudo que é lugar, como na Itália estacionam nas calçadas, mas sempre de forma a não atrapalhar. Na Espanha o número de motos grandes em circulação é imenso, eles realmente curtem o motociclismo. Na cidade e nas estradas vi inúmeras, acho que uns 80% BMW, poucas custom, quase nenhuma Tryumph. A maioria é Touring, caravanas delas. Nas cidades as scooters são de grande porte, maiores, vi muitas de 800cc.





Os preços é que deixam nós brasileiro revoltados... muito mais barato mesmo considerando o cambio de 4 pra 1. Comprei um capacete na Box 46 (indicação do grupo do Face: BMW Motorrad Fans) e no último dia de Portugal passei de carro na Caparica Peles. Loja muito legal, com muita coisa e preços ótimos. Eles além de venderem marcas conhecidas também possuem uma linha de fabricação própria de vestuário. Comprei uma jaqueta de cordura de altíssima qualidade para jovem, tamanho 12 anos, coisa que não se consegue por aqui, e pasmem: 48 euros. Fomos muito bem atendidos lá.


www.caparicapeles.pt

É isso, ficou mais forte ainda a vontade de fazer uma viagem só de moto pela Europa, aguardando a oportunidade.