"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Abraçando SC, meio oeste


Quase um ano depois... retornando a visitar mais algumas cidades do projeto Abraçando SC !
Inquieto por pilotar pouco nesses últimos meses aproveitei o bom tempo e resolvi dar uma esticada até o oeste catarinense. Como sempre faço posto em um grupo de amigos motociclistas a ideia e quem estiver disposto é sempre bem vindo. Zé Márcio é um grande parceiro desses passeios, e dessa vez ele incluiu mais um desafio a brincadeira, passarmos por todas as pontes e passagens que dividem SC e RS pelo rio Uruguai, Rio Pelotas e algum outro que apareça. O Rio Uruguai nasce na Serra Geral e é formado principalmente pela junção do Rio Canoas com o Rio Pelotas.

Saímos 7h, céu perfeito, ainda fresco, tocamos pela famigerada BR470, que nesse horário ainda é transitável com certa tranquilidade. Antes do meio dia já estávamos no oeste catarinense, 300km de Blumenau.


Essa região é mais alta, varia em torno de 400m a 1200m, por isso as paisagens são fantásticas, muitas araucárias centenárias ainda resistem por lá.


A primeira parada oficial foi na ponte da BR470 que atravessa o Rio Uruguai exatamente após a junção entre o Canoas e Pelotas.


Dali seguimos para o primeiro município do roteiro, Zortéa. Toda a região é rural, plantações, gado, avicultura e principalmente suinocultura. Zortéa tem cerca de 3500 habitantes.




Seguimos em direção a Capinzal (22mil hab), na microrregião de Joaçaba.


Ali passa o Rio do Peixe, outro importante rio da região, ele divide Capinzal da pequena Ouro (7500 hab). Uma linda ponte pensil construída em 1934 liga também as duas cidades.



vista do Rio do Peixe e da ponte nova de concreto

Ali também passava a linha ferroviária SP/RS, a estação de Capinzal é de 1910.




No caminho para Ipira encontramos muitos "museus" com rodas d'água e vários outros mecanismos que usavam água para funcionar.




Paramos para tomar um suco de uva gelado, pois já fazia acima de 30 graus a tarde, o local bem agradável com a D. Sonia nos atendendo. Ali funciona também um alambique.



Seguindo chegamos a região Termal de Piratuba e região. Ipira (4600 hab) fica ao lado de Piratuba (4300 hab).


Não encontrei explicação porque o nome de Caminho da Lanternas, mas se trata de uma rota turística rural.



Ali também a estação de Piratuba de 1910 que fazia parte da CEFSPRS.


O centro é lindo, hotéis bem legais estilo tirol, tudo muito organizado. Tem um complexo termal bem desenvolvido, que acabamos não visitando.


Antes de continuar a visitar novas cidades fomos atrás de mais uma passagem pelo Rio Uruguai, agora pela Usina Hidrelétrica Machadinho, a maior do estado.


Ali também se junta a Rio Forquilinha ao Rio Uruguai, a paisagem é fantástica. Atualmente nos mapas do DNIT as estradas são sinalizadas como pavimentas, não pavimentadas e Em pavimentação, mas descobrimos mais um tipo, a estrada em desempavimentação... pqp, que vergonhas SC! Tinha trechos que não perdiam nada para o rípio patagônico.




A rodovia SC150 / RS135 passa sobre a barragem da usina, bem bonita a vista e a engenharia. A estrada dali até a cidade de Maximiliano de Almeida RS estava boa.


Logo pegamos estradas não pavimentadas e com um piso bem característico da região, um compactado de pedras medias, pontiagudas, chapadas e de todo tipo e tamanho, nada fácil. Para mim é um piso muito seguro, firme, estável, mas o mais desconfortável possível. A Moto parece um cabrito com os bagos amarrados, pula muito, cansa, e ainda estava acima de 32 graus. Fica uma salva de palmas para o pneu Mitas E07, perfeito.



Ponte sobre um pequeno braço do Rio Uruguai


Chegamos e Marcelino Ramos pelas 17h, estava muito quente. Logo na entrada da cidade por aquele lado estava o complexo das termas e do lado um hotel que já nos registramos. Fomos direto nos refrescar nas águas e cervejas. A temperatura da água é de 39graus, do tipo sulfurosa, muito agradável. O jantar estava incluso na diária, tudo bem gostoso.


De manhã 7h tomamos o café e seguimos de volta para SC. Ali um dos pontos mais legais do passeio.



Ponte rodoferroviária de Marcelino Ramos, cruzando o Rio Uruguai, um dos principais divisores de SC e RS, tem 455m de comprimento, construída em 1913 fazia parte da estrada de ferro SP-RS.


Então, para quem não e motociclista não entende bem essa foto, a dificuldade de passar com uma moto em uma pista assim. Explico, se a roda da frente que é mais fina cair entre essas tábuas é chão na certa e provavelmente prejuízo. Paramos antes na cabine ao lado da passagem para perguntar como funcionava e ali o sr. disse que de vez em quando um cai. Não tem semáforo nem nada... ok, vamos lá então.



Depois da ponte mais um pequeno trecho de terra e chegamos até a balsa municipal que atravessa o Rio do Peixe para seguir até Alto Bela Vista (2000 hab).






Continuando chegamos em Peritiba (2900 hab). Ali fomos conhecer também a casa da cultura, primeiro estabelecimento comercial de 1948.




Uns 13km a frente chegamos a BR153, a Transbrasiliana, e voltamos sentido RS para passar por mais uma ponte do Rio Uruguai.


A BR153, também conhecida pelo nome de Rodovia Transbrasiliana, é a quinta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (PA) ao município de Aceguá (RS), totalizando 3585 km de extensão. Ao longo de todo o seu percurso, a BR153 passa pelos estados do Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terminando na Fronteira Brasil–Uruguai.


Retornando para SC fomos até Concórdia (75mil hab), umas das inúmeras cidades de SC que já passei de moto mas não tinha registro. Muito organizada !


Passamos por Presidente Castello Branco, o menor dos municípios dessa rota, 1600 hab, o quinto menor de SC.


O oeste catarinense é um exercício sensorial... vistas espetaculares, o som do campo é o que reina, e os cheiros, ah os cheiros... galinheiros, bosta de vaca e principalmente um aroma de pocilga por todo o lado !!!
Isso não é uma crítica não, pois curto demais, é característica de uma região que vive boa parte da suinocultura, com grande frigoríficos que atendem o mercado nacional e exportação.


A última cidade do roteiro foi Jaborá (4000 hab), uma graça, tudo muito certinho, limpa, bem estruturada, calma.



Até tinha umas quatro cidades que iria parar para tirar foto, mas tínhamos a BR470 numa sexta final de tarde pela frente, quem conhece sabe o desespero... então deixei para fazer outro dia.
Boa surpresa foi a dica do Zé para almoçarmos, o Restaurante do Gringo em Erval Velho, no posto da BR470. Caraca, se eu não tivesse ainda 300km dessa maldita 470, teria me acabado de comer ali... coelho, codorna, lasanhas, carnes e mais um monte de outras delícias. Tenho que voltar lá !!!


Essa BR470 é um conjunto catastrófico, exemplo perfeito da má administração pública em conjunto com a falta de cultura de um povo. Buracos, má sinalização, erros estruturais, obras feitas nas coxas e sem cuidados com a segurança, motoristas imprudentes, egoístas e irresponsáveis. Graças novamente não tivemos o desprazer de ver nenhum acidente, mas sempre falo, o motorista brasileiro está apto a andar em qualquer "most dangerous roads" do planeta sorrindo de alegria !


Verde = visitadas, Azul = visitar


Fiz uma alteração da tabela contabilizando só as cidades que tenho foto do centro.

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