Nos trilhos do RS

Amo muito isso tudo... trabalhar, andar de moto, viajar, comer, beber...

De última hora surgiu um evento, numa quinta-feira, em Porto Alegre e nesses casos passagem de avião em cima do laço é sempre um absurdo de caro. Assim uma solução é ir de carro ou... previsão do tempo "meio" boa e lá vou eu de moto!

Na segunda-feira, mudança da previsão, terça com sol e nuvens 0% de chuva, quarta chuva a tarde... quer saber, antecipei um dia e sai na terça mesmo.

Como teria bastante tempo resolvi fuçar para fazer alguns caminhos diferentes e conhecer mais o RS. Assim tracei minha missão, e missão dada e missão cumprida.

Sair cedo em dia de semana é sempre bom, quase nada de transito, tempo gostoso e vamos em frente. Logo após a ponte do rio Pelotas, divisa SC/RS, tem um pequena ponte a direita, com acesso por poucos metros de terra, bora lá tirar umas fotos.

Triste que nessa viagens eu veja mais animais selvagens mortos do que vivos. Nessa tive três encontros, um gato do mato atropelado, 150m depois da ponte do rio Pelotas. Tirei ele do meio da pista, morto recentemente pois não estava rígido, um pecado, lindo. Já no RS depois de visitar o túnel de Salvador do Sul passei por dois animais, um morto do lado da pista (ali não tem acostamento) e outro 50m a frente, no meio da pista se deslocando lento e estranho. Mesmo sem acostamento, retornei para ajudar pois ele seria certamente atropelado por um carro, pois não teriam como desviar por falta de espaço. Era um Ouriço, bem grande, e lerdo! Acenando como um doido, parei dois veículos que vinham em direções opostas (eles entenderam a situação) e esperei o tanso atravessar e entrar no mato, pena não consegui tirar foto, foi rápido e tenso. Depois achando que era algum "par" fui ver o animal morto e não era um ouriço, mas sim um Quati, triste de novo.

Depois de Vacaria começou a diversão nova, estradas que ainda não conhecia, e grata surpresa. A BR285 é muito linda, bom asfalto e belas paisagens. Entrei na BR 434 e cada vez mais pro interior vai ficando tudo mais lindo.

Meu primeiro objetivo era o Viaduto 13 (explicado na caixa abaixo). Tracei no GPS, mas sempre fica a dúvida se o mapa está certo ou se não tem nenhum caminho 4x4 intransponível com motos big. Depois de entrar no trecho de terra que foi de estrada boa até lamaceiro, comecei a ficar com receio de que iria dar problema. Meu medo era  estrada terminar no alto do viaduto e não ter como descer para continuar até Teutônia que foi a cidade que escolhi para dormir. Outro receio sempre constante nessas aventuras por terra sozinho e a estrada acabar numa descida com piso ruim, como manobrar a monstra?

A estrada começou a estreitar, pedras, lama, caminhos de mato denunciando pouco movimento... mas foi só um susto, pois o havia uma bifurcação, uma até a parte alta do viaduto com acesso ao túnel e outra para a parte de baixo que depois chega na cidade de Muçum.

VIADUTO 13 O Viaduto do Exército, conhecido também como Viaduto 13, é a denominação dada a um viaduto ferroviário existente na Ferrovia do Trigo, a EF-491, no trecho entre os municípios de Vespasiano Correia e Muçum, no Rio Grande do Sul. A denominação 13 tem sua origem no fato de ser o 13º de uma sequência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum, conhecida como a "Princesa das Pontes". Foi construído pelo 1º Batalhão Ferroviário do Exército Brasileiro durante a década de 1970, tendo sido projetado desde o final da Segunda Guerra Mundial, pela empresa Serviços de Engenharia Emílio Baumgart (SEEBLA). Com seus 143 metros de altura e 509 de extensão, foi inaugurado pelo então presidente Ernesto Geisel em 19 de agosto de 1978, e é tido como o maior viaduto ferroviário da América Latina e o segundo mais alto do mundo, superado apenas pelo Viaduto Mala Rijeka, em Montenegro, de 198 metros de altura. Suas fundações são do tipo sapata corrida e estão enterradas a 21 metros abaixo do nível do solo. Cada pilar é formado por quatro paredes de 80 centímetros de espessura média.

O túnel é escuro e assustadoramente silencioso, mesmo com uma lanterna de grande capacidade a luz some em seu interior. Fiquei por ali quase uma hora tirando fotos de diversos ângulos, e não consegui ver o trem passar, fica pra próxima!

Seguindo para Teutônia passei por Colinas, que cidade bonitinha, tudo muito organizado, demais! Teutônia também é uma cidade muito simpática, tudo organizado, colonização alemã, edificações estilo tirol. O hotel Baviera Park é muito recomendado, simples mas muito moderno, tudo novo e de bom gosto, preço justo. Uma lasanha (de supermercado, o restaurante serve só pratos rápidos), uma 1/2 garrafa de Miolo Seleção Merlot e um charuto pra esquentar, assim foi minha noite.

Muros de Taipa

Casarões históricos do interior

Viaduto 12

Pontilhão da ferrovia

Chegada em Teutônia

Baviera Park

Centro administrativo de Teutônia RS

De manhã segui de Teutônia em sentido Salvador do Sul, mas pegando uns trechos por terra. Belíssimos casarões antigos e outros muito modernos. Creio que dos agricultores da região que constroem seus paraísos por ali.

Meu segundo objetivo era o antigo Túnel Ferroviário de Linha Bonita. Interessante, bonito. O legal é que nos dois lugares só tinha eu, mais ninguém, então pude com tranquilidade fazer minhas fotos e degustar os locais. O caminho até lá é muito legal com trechos em terra por mata, depois plantações, altitude e belas localidades.

Bergamotas por todo o caminho

Frio na altitude

o velho e o novo...

Casarão de 1894

Túnel de Linha Bonita Situado no município de Salvador do Sul, o Túnel de Linha Bonita foi construído em 1906 e faz parte da linha ferroviária que ligava Montenegro a Caxias do Sul. Tem 93 metros de comprimento, 5,70 metros de altura e 4,10 de largura. Foi o primeiro túnel curvilíneo na América Latina. Fica há oito quilômetros da sede municipal e é hoje uma importante atração turística. Com a retirada dos trilhos, que ocorreu com a desativação da ferrovia, o túnel continua sendo utilizado, agora para o trânsito de veículos, fazendo parte de uma estrada municipal não pavimentada.

De Salvador do Sul até Montenegro é um lindo trecho, BR 470 (pelo que entendi a mesma que corta SC), curvas, ótimo asfalto, plátanos ao longo da estrada com sua folhas douradas caindo sobre o caminho. Foi por ali que encontrei o Ouriço atravessando a pista.

Outono e os plátanos

A noite foi surpreendente, primeiro sai para um happy hour com o cliente e amigo Northon, ele me levou conhecer uma Confraria da Cerveja, a BierKeller. Ali só se entra sendo conhecido ou convidado. Para quem gosta de cerveja um paraíso! O Ambiente é bem montado em um casarão antigo cheio de salões ocultos no subsolo. Uma enorme geladeira com diversas e variadas cervejas nacionais e importadas, principalmente artesanais. Se preferir num dos salões escamoteados tem uma câmara frigorífica com uma centenas delas. Uma pesa com petiscos diversos e naquele dia uma paleta de cordeiro ao molho de vinho. Escolhemos uma Slava, depois uma Bier Keller, ambas Pilsen. Por último foi uma weizen da região que não me lembro o nome. Que Lugar!

Bier Keller

Quando ainda estava no hotel vi uma postagem da minha prima Ana de SP que ela estava aterrissando em Porto Alegre naquele dia. Fiz contato e combinamos de ir jantar, junto com os colegas dela da Adobe, onde trabalha. Fomos para o Chez Philippe, um restaurante desses metido a besta, mas bem agradável, de comida muito boa e bem servido. Comi de entrada um Crepe de cogumelos assados com molho de roquefort, depois um Frango caipira no vinho tinto com cogumelos e de sobremesa um Claufotis de pinhão e maçã com baunilha. Rango baitola, mas muito gostoso. Para acompanhar continuei na cerveja, agora uma escura.Depois voltei pro hotel pra descansar, pois quinta iria ser o dia todo de evento da empresa.

Prima Ana

Chez Philippe

Evento SINFAC RS

Merecido descanso do dia

A quinta choveu até de madrugada, a sexta tinha previsão de 0% de chuva em quase todo o Sul, por isso resolvi voltar novamente pelo interior por outro caminho novo, por Bom Jesus... mas pra variar... Sai do hotel as 6h30 com garoa leve, fazia 11 graus e segui em direção a Taquara. Lá já peguei chuva mais forte e o frio começou a apertar, já com 7 graus. Continuei e a coisa foi esfriando, cerração, engrossando o aguaceiro e a visibilidade. Quando entrei na rota do sol estava 6 graus, aí imaginei que aquilo poderia me acompanhar até pra cima de Lages. Eu teria apenas o caminho dali da Rota do Sol até Bom Jesus, 90km apenas de novidade, não valia pena. Assim desci pro litoral e foi acertado, pois estava seco e a temperatura subiu pros 16 graus, que me acompanhou até Blumenau.

Rota do Sol

Incrível como o vento nesse trecho sul da BR 101 é forte e contra a subida, a moto passou dos 21 km/l de média para parcos 17 km/l, eu estava com os bauletos laterais expandidos, assim forma uma vela muito grande e a velocidade de cruzeiro pelos 120 km/h.

Sem transito e seco, rodei bem até depois de Floripa, onde parei para almoçar no Sombreiro em Biguaçu, um camarão pra comemorar o passeio.

Restaurante Sombrero em Biguaçu SC

Saindo dali, logo a frente começou a chover forte, e assim veio até Blumenau, mas mesmo assim a viagem foi tranquila. Casa!!!

Total de 1400km.

LOCALIZAÇÕES Coordenadas Google Maps Viaduto13: -29.04498,-51.910971 Túnel de Linha Bonita: -29.483232,-51.492856 Arquivo GPS: viaduto13.gdb