23 dias
10.060km
Brasil: SC, PR, SP, MS, MT, GO, RO e AC
Peru, Chile, Argentina e Paraguai
Temperatura máxima: 37 graus Rondônia
Temperatura mínima: 2 graus (sensação -8 na moto) Paso de Jama Argentina
Nenhum imprevisto, só boas recordações.
ROTEIRO
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FRONTEIRAS E ADUANAS Um dos maiores estresses nessas viagens de moto (ou carro) são as fronteiras. "Burrocráticas", "desintegradas" com funcionários despreparados. Raras exceções são sempre demoradas e desmotivantes. Deixem sempre os documentos juntos e a mão, caneta para preencher os mesmos formulários várias vezes, e muita paciência. Falarei de cada uma das que passamos com algumas observações e dicas. 1 - Brasil / Peru Assis Brasil / Iñapari Essa foi de longe a pior delas, do lado brasileiro muito tranquilo e rápido, apesar da grosseria costumeira de quem atende nesse locais. O problema foi na fronteira peruana em Iñapari, primeiro que ao chegarmos (13h) tivemos a notícia de que o único atendente estava no almoço e iria demorar cerca de 1h. Primeiro passo é passar pela imigração, e nesse processo é perguntado quantos dias você vai ficar no país, coloquem algo bem maior que o previsto, pois nosso amigo se enganou e disse um dia a menos, foi uma encrenca, teve que dar a saída do país e depois entrar novamente e colocar os dias certos. Até que foi rápido a imigração, depois ficamos esperando o cidadão da aduana. Chegou um velhinho que cata-milho no computador que demorou 2h para fazer as 4 motos, e basicamente é preencher um formulário no computador. - Documento de RG ou passaporte, Habilitação CNH e Documento do veículo e papel entrada fornecido pela policia federal brasileira. Na imigração peruana receberá um papel e precisa fazer uma cópia dele (nas tiendas (lojas) em frente tem serviço de cópia e também de câmbio, na época foi 1,15 soles por real). - Cópias desse papel de entrada peruano, do RG ou Passaporte, da Habilitação e do Documento do veículo. Preencher um formulário e aguardar chamarem. Outra informação importante é sobre o SOAT, o seguro obrigatório similar a Carta Verde para os países do Mercosul. Os guardas quando nos pararam por duas vezes vieram única e especificamente pedindo o seguro e se não tivéssemos ele seria certo a encrenca, como aconteceu com outros viajantes que encontramos pelo caminho, tiveram que pagar 100 dólares de propina para os guardas liberarem. Fizemos o nosso em Cusco, a ideia inicial era já fazer em Puerto Maldonado, mas chegamos muito tarde e saímos muito cedo, então arriscamos e demos sorte de não sermos parados. Primeiro fomos no banco fazer mas lá eles não fazem para estrangeiros e poucos dias, só o do cidadão peruano. Então nos indicaram uma corretora na Av. Tullumayo 746 , perfeito e seguro. Mínimo de 30 dias, 35 dólares, valeu. 2 - Peru / Chile Complejo Fronterizo Santa Rosa / Aduana de Chacalluta (Tacna PE e Arica CL) Bem mais moderna e organizada. O problema é que eles não ajudam com as informações, é sempre um sofrimento conseguir saber por onde começar e o próximo passo. Primeiro tem que preencher um papel que é uma relação de passageiros, depois seguir até a imigração para carimbar os passaportes e com o papel que é fornecido seguir até a cabine de liberação dos veículos. Dali atravessa para o Chile uns 200m e vem uma parte complicada. Primeiro imigração, preenche tudo de novo os formulários que são sempre os mesmos, até rápido a atendimento, passaportes carimbados vai para a aduana, aí demora. Precisa tirar toda a bagagem ou bauletos inteiros e passar por uma máquina de raio-x. Depois três fiscais conferem toda a moto e documentação, vai em mais uma cabine onde tudo é liberado e entregue papel de entrada. E bom que nãoo estava muito quente nem chovendo, porque parte da operação é sem cobertura, ao ar livre, o vento sim atrapalha, e como venta. 3 - Chile / Argentina Paso de Jama Perfeição de aduana, demoramos cerca de 20min para fazer a saída e a entrada das 4 motos. Tudo bem que só tinha nós no complexo todo, mas é tudo integrado, você preenche um único papel que é usado de cabine em cabine no mesmo ambiente. Por fazer parte do Mercosul da moto não é entregue nenhum documento diferenciado. Rápido e prático, uma linha de montagem, funcionários chilenos e argentinos lado a lado, em sequencia, fácil de entender, ninguém nem olhou a moto pra vasculhar bagagens, apesar de ter um cachorro farejador que pode ter verificado enquanto estávamos dentro. Antes era mais complicado, fazia a parte chilena em San Pedro de Atacama, agora simplificou tudo. Aproveite para comer algo e abastecer no ótimo posto em anexo. 4 - Argentina / Paraguai Clorinda AR / Asuncion PY Tumultuada, cheia de "agentes" que facilitam o trabalho cobrando propina. Pagando cerca de R$ 25 em poucos minutos está tudo carimbado e pronto. O que eles verificam da moto é apenas a Carta Verde. 5 - Paraguai / Brasil Ciudad del Este / Foz do Iguaçu Outra bagunça, a fila para atravessar a ponte é quilométrica e demorada (horas). Então novamente pagando uma propina R$ 20 por moto os moto-taxi te levam por uma quebradas da cidade que vai sair já no início da ponte. Ali basta ir na imigração carimbar os passaportes e liberado. Como 99,9% por cento das pessoas estão ali só comprando em Ciudad del Este, não fazem imigração, então fomos só nós pra carimbar saída do Paraguay, por isso é rápido. Complicado é passar pelo complexo em um pequeno corredor para motos pequenas com gelo baiano de um lado e meio-fio do outro, isso com motos grandes com bauletos, uma aventura perigosa. Vale comentar que em momento algum verificaram nossa bagagem, poderíamos estar cheios de muamba que não teria problema. |
EQUIPAMENTOS No primeiro post da viagem denominado dia 0 comento sobre alguns equipamentos e acessórios que iria usar na viagem, agora que voltamos acho interessante comentar sobre eles. Segundas peles: o que seria da gente sem elas... versáteis e prioritárias. Levamos e usamos três níveis, uma mais fina usada também para verão, serve para retirar o suor do corpo mantendo sempre seco e eliminando o odor da pele. A média também com essas características e a as fleece que foram extremamente úteis no frio intenso que pegamos, além disso, era com elas que saíamos a noite. Com isso além de protegidos contra calor e frio ainda eliminamos a necessidade de levar outros tipos de agasalhos. Colocando em sacos estanques daqueles zip com saída de ar, ficam muito finas e não ocupam muito espaço. A balaclava multi-uso que compramos da GoAhead (www.go100.com.br) foi boa demais, usamos em diversas situações, não só na moto, pois pode ser usada só como bandana, como gorro etc. Bolsas estanque: comprei duas bolsas estanque do D'Aló que foram muito úteis. Amarrei elas sob os bauletos laterais, ficaram práticas pois colocava calçados, capas de chuva e segunda peles, assim estavam a mão quando necessário. Também ficou um belo encosto lateral para a garupa evitando cair em seus cochilos. Sei que agora estão ainda melhores, com alça e tudo. Protetor de punho (protetor de esmalte): Esse é um dos equipamentos que considero o mais importante. Protege da chuva evitando luvas molhadas e do frio. Mesmo quando pegamos 2graus (sensação de -8) estava somente com uma luva média e nem precisei ligar o aquecedor de manopla. O isolamento garante a temperatura, incrível. Comprei a minha na Motoban pela loja virtual (www.motoban.com.br). SPOT: funcionou perfeitamente enviando as coordenadas para o mapa onde os familiares puderam acompanhar. Graças não precisamos testar o serviço de resgate. GPS: Garmin Zumo (220 e 660). Com os mapas atualizados que colocamos foram totalmente funcionais. Pouquíssimas vezes tivemos problemas com ruas erradas ou mão inversa. Além disso acho muito bom o recurso de gravar toda a rota, poder jogar em um mapa como o google earth e analisar altitudes e velocidades. Banco Confort: Sem ele certamente o sofrimento em ficar 800km sentado seria insuportável. A garupa também aprovou, ficou muito confortável. Câmera digital: A escolha foi por uma máquina que permita fazer fotos em condições adversas. Chuva, frio, poeira, essas coisas em geral impossibilitam as máquinas normais e causam problemas com o tempo nos mecanismos, principalmente aquelas que tem o canhão movel. Optei pela Panasonic Lumix TS4, a prova d'água, queda, poeira e congelamento. Tem GPS e altímetro. Marca: Panasonic Resolução: 12.1 megapixels Vídeo: FullHD 1080px Zoom Óptico: 4.6 x Zoom Digital: 4.0 x LCD: 2.7 " Tamanho da Imagem: 4000x3000 Formato de Imagem: JPEG Sensor: CCD Sistema de Vídeo: NTSC Cartão de Memória Compatível: SD, SDHC, SDXC Peso: 175.0 g |
MOEDAS Na entrada dos países sempre trocávamos algum valor suficiente para abastecimento e algum lanche. A melhor forma e mais barata é retirar dinheiro no cartão de débito do banco nos caixas automáticos, qualquer localidade mesmo que pequena sempre tem um cajero. No entanto as vezes pode ocorrer falha de comunicação ou outro problema, então é fundamental levar dólares para emergências. Cartão de crédito além de ser mais caro no pagamento aqui na Brasil a maior parte dos estabelicimentos cobram ágio de cerca de 6%. |
HOSPEDAGENS Marília SP Hotel Tenda Confortável e bom custo benefício. Internet e estacionamento fechado. Quarto Duplo R$ 120 www.hoteltenda.com.br Jataí GO Hotel Nacional Confortável e bom custo benefício. Internet e estacionamento fechado. www.hotelnacionaljatai.com.br Chapada dos Guimarães MT Pousada Bom Jardim Bem localizada na praça principal, acomodoções simples mas funcionais. Internet boa. Pátio de estacionamento. Quarto Duplo R$ 135 www.pousadabomjardim.com.br Vilhena Hotel Cariman Quartos no andar de cima são mais simples com chuveiro eletrico, os de baixo tem problemas com formigas (milhares). Não é no centro, mas tem um boteco que serve caldos em frente que é dos melhores. Internet e Estacionamento fechado. Quarto Duplo R$ 100 www.hotelcariman.com Porto Velho RO Hotel Villa Rica Não aconselhamos. Apesar das boas acomodações e ser um hotel de alto padrão o atendimento foi complicado, destraram o casal que acabou indo para outro hotel. Tem internet no que funciona só no lobe e o estacionamento é nos fundos, longe e complicado. Quarto Duplo R$ 250,00 Rio Branco AC Hotel Guapindaia Praça Ótimo hotel, novo, cama box, chuveiro quente e forte Internet e Estacionamento fechado. Quarto Duplo R$ 87 www.hoteisguapindaia.com.br Puerto Maldonado PE Hotel Cabaña Quinta Hotel especializado em turismo amazonico, quartos enormes, ótimo banheiro. Coincidencia ou não, de madrugada os ar-condicionados não funcinavam mais, somente ventilador de teto, e o local é muito quente e úmido. Café da manhã absurdamente bom, com grande variedade de frutas e doces. Internet boa mas não nos quartos. Quarto Duplo US$ 84 Cusco PE Casa Grande Lodging Não indicamos, sofrível demais. Muito mofado, banheiro com chuveiro elétrico fraquíssimo e o local é bem frio de noite. Café da manhã minguado. Internet lenta. Única vantagens são a localização e possibilidade de colocar as motos no pátio, mas que outros também possuem. É uma opção para quem quer gastar muito pouco sem se preocupar com o mínimo de conforto. Quarto duplo US$ 40 www.casagrandelodging.com.pe Águas Calientes PE Hatun Pachamama Inn Ótimo hotel, camas grandes e confortáveis e chuveiro quente. Algunbs quartos tem janela para o corredor interno que atrapalha pela iluminação. Café da manhã simples mas razoável. Internet razoável. Sem estacionamento Quarto duplo US$ 60 Quarto Single US$ 45 Puno PE Hotel Camino Turistico Localização boa perto da Plaza de armas. Bom quarto e banheiro. Bom café da manhã. A rua do hotel estava em obra sem possibilidade de acesso das motos. Internet e Estacionamento foi em rua anexa. Quarto duplo US$ 40 Quarto Single US$ 31 www.caminoreal-turistico.com Arequipa PE Posada Nueva España Bem familiar, muito agradável, prédio colonial de época bem conservado. Ótimas acomodações e banheiro. Poucas do centro, mas o taxi é muito barato. Internet e o estacionamento é separado em rua anexa, mas fechado. Quarto duplo US$ 46 Quarto Single US$ 34 www.nuespana.com Iquique CL Casa Baquedano Prédio colonial de época bem conservado. Ótimas acomodações. Chuveiro apresentou problemas em todos os quartos, parava de sair água e esfriava. Café da manhã simples. Fica em local lindo, meia quadra do mar.Quarto duplo US$ 70 Quarto Single US$ 60 www.chileagenda.cl/hotel-casa-baquedano.htm San Pedro de Atacama CL Hostal Lickana Ótimo custo benefício. Simples mas agradável e funcional. Estacionamento a porta dos quartos com varanda. Boa internet. Quarto duplo US$ 100 www.lickanahostal.cl Tilcara AR Hosteria El Antigal Muito charmosa com acomodações novas. Internet e estacionamento fechado. Bom café da manhã. Quarto duplo US$ 74 www.elantigaltilcara.com.ar Ibarreta AR Hotel Doña Melitona Localizado bem na ruta 81, com um posto e restaurante poucos metros. Internet e pátio para estacionamento. Asuncion Hotel Bristol Ótimas acomodações, banheiro, chuveiro. Internet boa e bom café da manhã. Estacionamento em prédio anexo. Quarto duplo US$ 55 www.hotelbristol.com.py |
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DIA 00 - Preparativos
DIA 00 - Preparativos
O mais complicado projeto do grupo Soy Loco até hoje, na minha opinião. A definição de data foi alterada para atender a todos e só foi definida menos de três meses antes, Setembro foi o mês escolhido. Dois casais integrantes não puderão participar dessa vez, Roberto, Sueli e o casal Yamada; uma pena, fizeram falta.
Assim participaram da aventura o casal Stardust (Super Teneré) e o casal Wolf (V-Strom DL650) de Juiz de fora MG, casal Paladini (F800GS) e André (F650GS) de Blumenau SC.
Devido ao mês escolhido (setembro) para a viagem, estávamos com um receio muito grande quanto a travessia do Paso Abra Pirhuayani que atinge 4.725m acima do nível do mar, consequentemente muito frio e com possibilidade de neve, também o Paso de Jama na volta. Escolhemos esse mês devido a ainda ser temporada seca tanto na região Norte do Brasil quanto no Peru, conforme gráficos a seguir.
Divido essa viagem em 5 macro etapas:
- Travessia Brasil, com calor, suas estradas complicadas, caminhões e o perigo da região norte em relação a segurança;
- Subida do Paso Abra Pirhuayani, frio, muito íngreme, são 4725m em menos de 200km. Pensamos que esse trecho até a chegada e Cusco seria o nosso maior desafio;
- Machu Picchu, Titicaca até São Pedro do Atacama diversão pura, apesar da altitude;
- Travessia do Paso de Jama também com receio da temperatura;
- Retorno pela Ruta 81, Paraguai e Brasil, imaginamos ser tranquilo e agradável.
Como sempre todos se preocuparam com as manutenções da moto. Relações, pneus trocados, pastilhas conferidas e todo o restante.
Infelizmente para o Peru não temos seguro, a única cia que faz é a Allianz mas com preços exorbitantes. Contamos com a proteção de nossos Anjos da Guarda como sempre e claro com nossa cautela e respeito pelas estradas.
Preocupação redobrada com o frio, portanto conjunto de segunda pele completo com as três camadas, luvas, balaclavas.
Reservamos a maior parte dos hotéis pelo booking para facilitar e garantir lá no Peru que não teríamos problemas em conseguir vaga, como aconteceu no Ushuaia, que quase dormimos em barraca (Ushuaia 2012).
A Documentação acrescenta duas coisas novas nessa viagem, da carteira internacional de vacinação de Febre Amarela (nos relatos comentaremos se foi solicitada alguma vez) e do Seguro SOAT, equivalente a Carta Verde do Mercosul. Esse merece item separado no relato mais a frente. Quanto aos demais documentos são os mesmos de sempre: passaporte ou RG com menos de 10 anos, documento da moto em seu nome ou procuração do atual proprietário, Carta Verde (Argentina, Chile e Paraguai). Sempre fazemos seguro saúde internacional, uma garantia importante e barata.
Para o GPS atualizamos todos os mapas: tracksource 13.08 para o Brasil, o Mapear 10.3 para Argentina, Chile e Paraguai e o Perut 4.10 para o Brasil, todos gratuitos e muito completos.
Levamos também um SPOT Satellite GPS Messenger. Para quem não conhece vai a dica: é um equipamento de GPS pessoal que envia um sinal de localização para uma central, permite também mandar mensagens texto pré programadas para alguns emails cadastrados. Duas funções são as mais interessantes, uma delas é que através de um mapa na internet os familiares e amigos poderão acompanhar o roteiro, acompanhando em tempo real onde se está (ele atualiza a cada 10min em média). A outra função de segurança importantíssima é o botão SOS que uma vez acionado envia um sinal de socorro para a central que providencia resgate imediato, independente de onde se esteja e as condições. Esses serviços são contratados através de uma anuidade com custo de R$ 330,00 incluindo o Siga-me.
Teste de bagagem: bolsas estanques acima dos bauletos laterias, sem muito peso, apenas dois pares de sapatos e chinelos, capas de chuva e segundas peles (médias e quentes).
Para ficarmos só um pouquinho mais aflitos, notícia do dia 29/ago:
DIA 01 - Blumenau SC / Marília SP
No dia anterior fizemos em casa deliciosas bistecas de cordeiro com risoto ao fungue, estavam os amigos Emerson e Carla e a cunhada Giovana e o Mayco. De manhã às 8h o amigo José Márcio foi ao posto prestigiar nossa saída, grato. O cunhado Mayko nos acompanhou até Joinville com sua Harley.
E para variar, engarrafamento na BR 101, tentando passar a moto entre dois caminhões ela enroscou-se e quase fui para o chão, deu medo pois se caísse e o caminhão andasse sem me ver poderia passar por cima da moto facilmente, segui pelo acostamento a 20 km/h. A partir de Ponta Grossa, pegamos um tempo bom com "céu de Atacama", trânsito tranquilo, entre 16 e 30 graus. Lindos os campos amarelos do PR e o pôr-do-sol esplêndido. Conseguimos chegar até Marília, já escurecendo, assim ganhamos tempo no outro dia. Recebemos mensagem dos amigos Star e Glennan que poderíamos mudar o destino que será Rio Verde para Jataí em GO.
705km de Blumenau à Marília. 3 estados percorridos: SC, PR e SP.
DIA 02 - Marília SP / Jataí GO
Vimos muitos tucanos e corujas nessa região, o Cerrado é lindo demais, valeu rever. Perto da travessia para o MS já na barragem de Ilha Solteira quase tive uma pane seca, cheguei no posto com apenas 700ml de combustível no tanque, vim uma parte no vácuo da moto do André.
No almoço, à beira do rio Paraná, pedimos uma isca de peixe e comemos vendo saguis fazendo bagunça na árvore ao lado. Para variar André não pode ver uma água e já foi molhar os pés. Estava bem quente por lá, chegou a 36 graus, com clima extremamente seco. Bom para lavar alguma peça de roupa que em 2 horas uma camiseta tá seca.
Chato é a quantidade de queimadas que além de estragar tudo ainda deixa o ar pesado e todo fechado. Isso vimos em grande parte da viagem, no norte do país, Peru, Argentina.
Chegamos já ao entardecer no Hotel Nacional onde estavam nos esperando os amigos. Fomos comer na rodoviária que ficava em frente e tem um restaurante bastante gostoso, boa carne.
735km de Marília a Jataí, em 10 horas.
3 estados percorridos: SP, MS e GO.
DIA 03 - Jataí GO / Chapada dos Guimarães MT
A fauna por aqui é rica e extravagante. Vimos araras daquelas azuis e amarelas, tucanos, emas e várias outras aves. Postos a cada 150km com gasolina terrível, a média de consumo cada vez pior. As estradas são boas, com pistas simples, sem muito movimento e quase nenhum caminhão, permitindo médias de 100 km/h.
No caminho vimos plantações de algodão e seus rolos de colheita, muito legal.
Inicialmente fiquei decepcionado com a Chapada, pois chegamos nela por cima, então estávamos na "chapada" e só percebi isso quando chegamos a beira do penhasco, é esplendidamente maravilhosa.
A noite um amigo do casal Wolf, o Delvo, nos levou comer um delicioso "Hipoglos" (pacú assado).
734km de Jataí à Chapada, em 10h.
Máxima de 37 graus.
DIA 04 - Chapada dos Guimarães MT / Vilhena RO
Dia cheio com grande quilometragem e muitas paisagens diferentes. Começamos por descer da chapada, podendo admirar os grandes paredões de pedra.
O desafio foi atravessar Cuiabá pois a cidade está em obras para a copa, então tudo bagunçada, graças ao Delvo que nos guiou rapidamente ganhamos um bom tempo.
Hoje vimos araras azuis, tatus (um foi quase atropelado pelo Star) e até preguiças! Também, infelizmente, vimos mortos na estrada cobras, lagartos, tamanduás, raposas e lobos. As estradas continuam ótimas. Não há fiscalização, mas o trânsito flui perfeito.
Fez 39 graus, e a tarde com nuvens, baixou pra 29 graus. Passamos pelo Rio Paraguai que depois voltamos a passar no próprio Paraguai. A mudança da vegetação é muito interessante, do cerrado passamos por um trecho de pantanal e depois já adentramos na floresta Amazônica.
Em frente ao hotel, que para variar chegamos pelas 18h30, tinha um boteco que servia caldos, comemos muito bem no Milton, um paulista especializado em comida mineira, radicado em Rondônia, caldos variados é sua especialidade.
11h de pilotagem, 850km. Atravessando o MT e adentrando RO.
DIA 05 - Vilhena RO / Porto Velho RO
Hoje foi dia de um calor úmido, de matar. A fauna continua surpreendendo, foi a vez de vermos macacos, araras azuis com rabo vermelho, outras todas vermelhas e alguns tucanos de bico preto. A estrada foi a pior até agora, muito remendo, alguns buracos, lombadas e caminhões.
O primeiro trecho foi muito lindo com a vegetação Amazônica, depois já transformou-se em campos abertos com muitas palmeiras, banhados e alguns rio grandes. Pegamos a primeira chuva, por sorte rápida, nem chegou a molhar, porém a noite em Porto Velho choveu bastante e com ventos fortes, mas limpou amanhecendo limpo.
Rondônia é horrível, me desculpe se algum leitor for da região, aproveite para reclamar com o governo local, pois as cidades em torno de Porto Velho perdem até para o interior do Peru.
Rodamos 700km.
DIA 06 - Porto Velho RO / Rio Branco AC
A saída de Porto Velho foi complicada, obras eternamente inacabadas... Estrada ruim com asfalto deteriorado em 70%. Bonita apenas no trecho da travessia da Selva Amazônica. Muito calor novamente, e um pouco de chuva mais tarde.
Um acontecimento que hoje vemos como engraçado mas na hora me deixou bastante nervoso, foi que ao pararmos para colocar a capa, o André saiu com o bauleto lateral totalmente aberto, escancarado, e eu atrás buzinando, gritando e dando sinal de luz, chovia e ele não via, até que me embestei em velocidade passando por ele e avisando.
Atravessamos o Rio Madeira, muito lindo, faz fronteira com a Bolívia. Conta a lenda local que a noite uns bagunceiros trocaram a bandeira da Bolívia pela do Flamengo, imagina a confusão hehe.
Quando chegamos a Rio Branco, a Milene já nos esperava no hotel, opa vida nova, já estava com a vista turva. Cidade muito agradável Rio Branco, oposto de Porto Velho, limpa, arborizada, rua mais largas, prédio bem cuidados e históricos. Por indicação do amigo Probst de Bento Gonçalves RS (gastropasseio.blogspot.com.br) fomos na loja Safira Motos de uma amiga, a Alexandra, querida demais, já nos atendeu por facebook uma semana antes agendando a troca de óleo das duas motos (Yamaha e Suzuki), são representantes Dafra e tem um rapaz que trabalhou anos na BMW, são motociclistas e deram muitas dicas.
Fomos comer perto do rio Acre e da ponte que nos lembrou a puente de la mujer de Buenos Aires, por sinal o local lembrou um pouco Puerto Madero.
530 km em 11h.
DIA 07 - Rio Branco AC / Puerto Maldonado PE
A cada dia há uma missão a ser concluída, não é fácil. Mesmo percorrendo trechos de menor quilometragem, sempre há algo que complica e acabamos chegando já quando escurecendo. Dessa vez foram as condições da estrada e a aduana, essa foi estresse.
Iniciamos a famosa e "nova" Estrada do Pacífico e chegamos na aduana brasileira para pegar o carimbo de saída, foi rápido. Ainda em Assis Brasil fomos almoçar precariamente com um calor sufocante.
Já começamos a ver vários e engraçados tuc-tuc, depois ficamos sabendo por experiência que são mais perigosos que engraçados. Quando chegamos na aduana peruana, ela estava fechada pro almoço! (???) Pois é, 1h de espera, e depois mais 2h para o "tio-cata-milho" cadastrar tudo nos sistemas.
Dali foram boas as estradas até Puerto Maldonado, mas teve um problema, haviam inúmeras vilas no caminho, cada uma com dezenas de lombadas e a velocidade de 35km/h, ou seja, muita lentidão. As localidades no caminho são paupérrimas, com casas de madeira sem portas e janelas, muito lixo jogado, gente tomando banho em córregos...
Incrível e lamentável são a quantidade e extensão das queimadas na região, o ar fica insuportável. Outro problema constante são animais soltos na pista, é o padrão, vacas, cavalos, burros, porcos.
Apesar de grande, Puerto Maldonado também é bem precária, pelo menos no setor em que andamos. Absurdo é o que buzinam no Peru, o tempo todo bibibi daqui biiiii dali, ensurdecedor e irritante, atrapalha demais pois você não sabe se é alguém do grupo precisando de algo. O hotel é do tipo turismo de selva, inclusive ali a região é de turismo amazônico. Quartos enormes e ótimo chuveiro, mas eles desligam a energia do ar condicionado de noite, só no ventilador, suamos bicas.
570km em 11h.
DIA 08 - Puerto Maldonado PE / Cusco PE
Esse era o dia mais temido da viagem, muitos boatos de neve, gelo na pista, soroche e etc. Todos os demônios exorcizados com êxito! Não vou dizer que foi tranquilo, mas foi bom demais.
O café da manhã do hotel foi algo de cinema; frutas, omeletes, doces... praticamente almoçamos! Depois, como de costume, saímos as 7h, tempo nublado, já colocamos a calça da capa de chuva, sorte que estava mais fresco (22 graus). Estrada perfeita, movimento médio no início, mais de motos pequenas, tuc tucs e raríssimos caminhões (todos de combustível). No pedágio moto não paga, bom. A chuva variou entre moderada e forte, e o medo era se molhar, pois 200km a frente pegaríamos muito frio.
Em Quince Mil, uma pequena localidade, paramos pra abastecer, o posto não tinha combustível, e não tínhamos mais gasolina nos tanques para chegar a próxima localidade. Aproveitamos que fomos parados pela policia que só pediu o documento da minha moto e depois liberou todos, pedimos informações sobre como abastecer. Assim, indicados pela policia, apelamos para as tiendas (pequenas lojas), pequenos comércios de tudo um pouco e que de forma clandestina vendem combustível. Pagamos R$5,00 o litro, mas valeu a pena obviamente. O menino veio com um caneco grande, um galão (o combustível, mesmo nos postos, é vendido em galão, que ainda não descobrimos ser 3,5L, 4L ou 3,6L), usamos um filtro de tecido desses de café, mas percebemos que o combustível era totalmente limpo, não deixando nenhum resíduo no pano. Não sabemos se pela velocidade baixa que andamos em todo o percurso do Peru, mas o consumo foi baixíssimo, minha moto chegou a fazer 27 km/l em alguns abastecimentos.
Ali mesmo em Quince Mil ainda em altitude baixa (650m de altitude), que é o início da subida, procuramos algo "razoável" para comer. Em um estabelecimento que, de início pareceu suspeito, paramos. Grata surpresa! Extremamente simples, banheiro com buraco no chão para as necessidades, uma salinha na frente com poucas mesas. O cardápio era até bem interessante, pollo, lomo saltado com carne de alpaca (que é uma das carnes principais lá, mais que gado). A sra. Patricia foi muito atenciosa, querida demais, serviu um ótimo chá de coca que tomamos com aspirina (para afinar o sangue) e foi preparar as comidas enquanto aproveitamos para colocar todas as roupas de frio. O rango veio e estava delicioso. Essa foi uma das passagens mais legais da viagem. Os peruanos da Região de Madre de Dios são bem mais pobres, sujos e alguns grosseiros, mas não é regra, ai nos pareceu ser diferente.
O próximo desafio seria encarar a subida de 250km de muita curva. No primeiro trecho choveu, a mata era mais fechada mas mesmo assim estava bonito. Atravessamos uma primeira serra, a Santa Rosa, de uns mil metros de altitude, alguns desbarrancamentos no caminho, mas a estrada é ótima, asfalto perfeito. Depois um Paso de 4.750m (Abra Pirhuayani) e outro de 4.150m, ambos de tirar o fôlego de lindos, já avistando vários picos nevados. Pegamos 4 graus, mas seco, suportáveis, pois a velocidade era baixa. Na parada para a foto no Abra Pirhuayani vimos duas coisas que a mim me desagradaram muito, uma foi uma menina que ao ouvir as motos ao longe correu para a estrada, se ajoelhou e colocou as mãos a frente pedindo dinheiro, enquanto sua mãe sentada na soleira da porta observava, triste usar uma criança assim. Depois na parada da placa outras três crianças vieram pedir moedas também, rosto com pele queimada do frio, roupas rotas, difícil.
A chegada em Cusco foi estressante pois a cidade é grande, a região da periferia tem pistas simples e congestionadas, e o transito peruano é um caos. Depois de quase uma hora de ruas chegamos ao centro histórico, de encher os olhos. O hotel ficava bem no centro quase encostado da Plaza de Armas e já esperávamos ser difícil de encontrar. Inclusive o grupo se perdeu e acabou se separando, nos encontrando depois no hotel. A entrada do hotel é uma porta de vidro que mal passa a moto com os bauletos e ainda com desnível, por pouco não dá caca quando entrei, susto.
A noite fomos comer em um restaurante na Plaza de Armas, que é exuberante. Dividi o tal do Cuye (porquinho da índia) com o André (que não gostou), mas não estava legal mesmo, pois deve ter sido requentado e não estava pururuca, estava borrachudo, mesmo assim valeu para saborear.
O efeito da altitude (Cusco esta a 3.400m de altitude) para mim foi tranquilo, Milene ficou um pouco mareada de início e sentiu mais quando fazia esforços. Mas em geral todos foram bem, não tendo problemas maiores. Gases hehe caramba, isso aumenta muito (acho que até ajuda no baixo consumo da moto, propulsão); o intestino também sente, soltando ou segurando para outros. Muito líquido (não alcoólicos), aspirina e calma.
470km em 11h.
DIAS 9 e 10 - Cusco PE
Nos surpreendemos, pois achávamos que o centro histórico fosse muito menor do que realmente é. A região de Cusco tem 800mil habitantes, a grande Cusco 500mil e a cidade 300mil. Impressionante como os espanhóis subjugaram o povo Inca, desmontaram monumentos, e com as pedras construíram imponentes igrejas, base sólida de pedras Incas e corpo Espanhol. A Plaza de Armas é fantástica, exuberante, duas grandes igrejas e outras construções monumentais. Há tantas coisas para se ver em Cusco e em suas redondezas que não é exagero compará-la com Roma. Seriam necessários alguns dias para conseguir ver e conhecer tudo, nem museus tivemos tempo de visitar.
A culinária peruana é um show a parte, sabem usar o que tem em mãos, os diversos tipos de grãos principalmente milho e quinua. Experimentamos saladas, tabules, risoto e outras misturas com quinua. A carne de Alpaca é largamente utilizada, e bem gostosa. Com o milho fazem a Chica Morada, um suco que utiliza aquele milho de cor vinho, abacaxi, maça e limão, bom demais. Também fazem a cerveja de milho, Chicha, vendida só em estabelecimentos menos turísticos.
Por conta própria visitamos a plaza de armas, a Calle Hatunrumiyoc onde tem o muro com a pedra de doze faces (espetacular) a moderna Avenida El Sol onde estão os bancos. Almoçamos no El Truco bonito restaurante na frente da Plaza Regocijo uma quadra da Plaza de armas, boa comida, música andina ao vivo e uma decoração peculiar num prédio da época, vale a visita.
Fizemos uma excursão muito legal já pela agência Qorianka Tours, a que nos levou para Machu Picchu. Iniciamos visitando uma vila têxtil chamada Chinchero, onde foi mostrado como fazem as peças. Era apresentado por uma local típica que mostrou em detalhes como eram feita lã, lavagem e tingimento usando os produtos naturais locais, e tinha também um mercadinho de artesanato (nada barato, sorte que não tinha espaço para trazer qualquer coisa).
Depois fomos ao laboratório agronômico terraços de Moray onde pudemos entender o quanto eram avançados na engenharia e agricultura os Incas.
Terminamos visitando as minas de sal de Maras, Marasvilha! O Guia Aquino estuda antropologia, dá aula de quechua e muitas outras coisas, foi o melhor de toda a viagem, suas explicações foram sempre bem acaloradas e completas.
Experimentamos o Milho gigante e suco de chicha morada, feito daquele milho de cor vinho com limão, abacaxi e maçã, uma delícia.
Passamos em frente das ruínas de Sacsayhuaman que fica na periferia da cidade de Cusco, nesse não entramos apenas observamos de longe, ali perto perto também paramos no mirante no alto de Cusco.
Visitamos também o mercado de artesanato para comprar regalos para a família. A noite outro ótimo jantar com entrada de Cebiche (ceviche, peixe cru temperado) e um gostoso vinho tinto peruano de uva Sirah.
DIA 11 - Cusco PE / Aguas Calientes PE
De manhã cedo a guia nos pegou no hotel e nos levou em um café da manhã diferenciado, pois comentamos que o café do hotel era sofrível. Café Ayllu (www.cafeayllu.com - Calle Marquez, 263), a variedade era imensa mas pedimos omelete, huevos revueltos, panqueca e doces, foi quase um almoço, e tudo muito barato. Ah, cabe aqui comentar que o taxi no Peru é ridiculamente barato, coisa de trocado, Paraguai também.
Pegamos a van e fomos até um mini zoo com varias espécies de lhamas e alpacas, vicunhas por serem selvagens não tinha lá, mas essa já vimos centenas pelas estradas. Dali seguimos e paramos em um mirante de frente para o Vale Sagrado, realmente lindo, montanhas cercando o rio, ao fundo um monte nevado.
Paramos nas Ruínas de Pisac que fica na Cordillera de Vilcabamba, o nome significa Perdiz pois tem esse formato, era comum aos incas construírem as cidades na forma de animais (Cusco é de puma). A construção dessas ruínas é atribuída a pré-incas e incas e elas se destacam por estarem numa região de 3.400m. O lugar era um centro administrativo e foi construído com arquitetura especial, própria para evitar possíveis danos provocados por abalos sísmicos. Suas terraças são peculiares e também se destacam os buracos feitos nas montanhas para depositar mortos e corpos mumificados.
Paramos para almoçar no Restaurante Muña que fica no caminho para Ollantaytambo, bom demais, comida típica preparada por chef, ambiente agradável, boa música. Cebiche, batatas típicas, alpaca, comi muito!
Próxima parada foi Ollantaytambo (2.800m), a única cidade da era inca no Peru ainda habitada. Em seus palácios vivem os descendentes das casas nobres cusquenhas. Esta cidade constituiu um complexo militar, religioso, administrativo e agrícola. Preparem-se para subir muito, as ruínas ficam em uma cordilheira. As pedras utilizadas para sua construção vieram de quilômetros de distância atrás de outra cordilheira, incrível. Alguns lugares perdem a graça pela quantidade de pessoas que visitam ao mesmo tempo, mas nesse foi diferente, pois o local é muito grande e comporta a todos, fica bonito de ver a fila de pessoas subindo, faz pensar em como foi na época de sua construção.
Seguimos para a estação de trem, onde de forma muito organizada pegamos o trem Inca Rail para Aguas Calientes. Pelo que entendemos existem três tipos de trem, um só para os moradores locais não permitido para turistas, obviamente por ser o mais barato. O Inca Rail que é o intermediário e na minha opinião ótimo, com poltronas estofadas, serviço de bordo com café e sucos, teto panorâmico (pequenas janelas mas úteis); e tem o trem top o Hiram Bingham que disseram ter talheres de prata, taças de cristal e massagens hehe mas custa US$ 500.
O trajeto leva 1h30 e é muito bonito, vai percorrendo o lado do rio Urubamba cercado por enormes cordilheiras com alguns topos cobertos de neve. Aguas Calientes fica no meio desses montes, praticamente não se anda de carro dentro da cidade, são ruas estreitas com hotéis e restaurantes.
O hotel que ficamos foi uma benção, para compensar o de Cusco, um baita chuveiro e uma cama box de primeira. Fomos jantar e descansar, pois no dia seguinte teria a tão esperada subida a Machu Picchu. De madrugada, chuva, forte... putz, e agora... estresse.
DIA 12 - Machu Picchu PE
Acordamos cedo, as 5h e ainda estava chovendo, tenso. Mas durante o café da manhã o tempo já meio que foi melhorando, ufa! O guia se atrasou uns 40min na praça principal, e quase fomos sem ele, mas a esposa dele apareceu pedindo desculpas e disse que ele estava nos esperando lá em cima na entrada de Machu Picchu (2.400m). Pegamos o micro ônibus, tensos, agoniados, afinal aquele ali era o nosso objetivo maior (não o único, muita coisa ainda pela frente). É uma subida forte, em piso de chão, curvas fechadas, caracoles de terra. Não se consegue ter visão das ruínas até estar quase na entrada. No caminho mais garoa, meio forte, pensamos que ferrou, paciência, agora seria com chuva mesmo. Ao chegar, banheiro foi a primeira providência, pois só tem ali na entrada, compramos umas capas daquelas de plástico bem fino e vamos a dentro. Cerração forte e a visão um tanto bloqueada, mas mesmo assim, que emoção, que lugar, que energia.
Enquanto o guia nos explicava sobre tudo, logo na entrada com uma vista já privilegiada, o tempo foi firmando e abrindo, guardamos as capas e só alegria. A visita guiada dura cerca de 2h e percorre os pontos principais, se fosse o guia Aquino certamente teria sido bem mais proveitoso.
Depois que o guia se despediu fomos andar, andar e andar, muito. Nos dividimos, naquele dia a Milene não estava 100%, cólicas e estomago reclamando. Casal Star também ainda se recuperando de uma forte gripe, assim eu, André e a Helena fomos desbravar outros caminhos. Como não conseguimos ingressos para subir a montanha Huayna Picchu e nem a Machu Picchu, pois são limitados diariamente e precisam ser reservados com uns 2 meses de antecedência, resolvemos seguir a antiga trilha inca, para a esquerda até uma pedra linda que usam para orações e depois para a direita até a Ponte Inca do outro lado do morro, em um caminho muito legal.
Ficamos umas 5h por lá, outras 5 seriam necessárias para se ver tudo. O que mais me chamou atenção é a engenharia dos Incas, principalmente no que se trata de canalização das águas e encaixe das pedras (a mim e a todos né hehe).
Visita feita, pegamos o ônibus de volta a Águas Calientes e as 19h o trem para Ollamtaytambo (tínhamos preferência para o das 14h, mas não conseguimos mais vaga), onde outro ônibus da agência nos esperava para levar-nos até o hotel. Chegamos pelas 23h cansados, mas realizados.
Dia 13 - Cusco PE / Puno PE
Como já comentei, quase não pegamos chuva nessa viagem, mas nesse dia saímos com uma garoa, fina e chata. O pior não é a chuva em si, mas as malditas capas que são um saco para colocar e tirar, sem ventilação, uma sauna.
O caminho é muito bonito, a estrada passa ao meio de uma vale cercado por lindas cordilheiras. Fomos driblando as nuvens de chuva, e a chuva, pois em vários pontos vimos cortinas de água ao longe. Em certo ponto passamos ao lado de um morro que estava nevando, tinha uma fina camada de neve sobre toda sua encosta, lindo. Passamos pelo Abra La Raya com 4.470m de altitude, mas a temperatura estava agradável.
Denominei aquele trecho de "La ruta de los perros", uma das mais lindas estradas da viagem, altiplano com vastos pastos com muitos pastores de ovelhas, ao fundo os picos nevados. Cachorros por toda a estrada sentados no acostamento, muitos mesmo, depois imaginamos que vigiando para as ovelhas e gado não entrarem na estrada.
Nosso caminho para Puno passava por Juliaca, ou como chamamos, Julinhaca pois enfrentamos um caos na passagem por lá. A rota que passa pela Circunvalacion estava literalmente explodida, toda sua extensão sem piso, uma mistura de concreto esburacado com terra. O transito é surreal, carros, motos, tuc tuc, pedestres, todos dividindo o mesmo espaço e no grito e buzinaço ganhando terreno. Seguimos assim por cerca de sofridos 15km até conseguir chegar na estrada novamente.
Isso e mais o movimento a frente atrasou bastante nossa viagem, chegamos em Puno já noite, por sinal com uma linda lua nascendo ao fundo do lago Titicaca (só percebemos isso no outro dia de manhã).
Fomos procurar o hotel que ficava bem no centro, duas quadras da Plaza de Armas, e mais um susto, mais um caos, agora por conta da rua do hotel que também estava explodida. Paramos na esquina e fomos ver com o hotel, que prontamente nos auxiliaram com as bagagens e depois nos indicaram o estacionamento coberto e fechado na rua ao lado, ufa!
Hotel bom, com ótimo chuveiro e cama grande e confortável. Fomos jantar na peatonal (rua de pedestres) que tem inúmeros restaurantes, comida muito boa e preço justo. O local é frio a noite e de manhã cedo e já mais seco (lavamos várias roupas que secaram facilmente pela noite)
A altitude de 3.800m judiou dessa vez tanto da Milene que teve uma forte dor de barriga de madrugada quanto a Helena que foi mais sério, vomito e dor de barriga por dois dias.
Dia 14 - Puno PE
Existem dois passeios pelo lago Titicaca, um que dura quase o dia todo, voltando pelas 17h e outro mais rápido que retorna pelas 12h, optamos pelo segundo, pois queríamos descansar para a viagem do outro dia, contratado e pagos no hotel mesmo (US$ 20 por pessoa).
A van nos pegou as 8h e foi até o cais onde embarcamos. 1h de trajeto onde um guia explica sobre a região, depois descemos numa das pequenas ilhas. É interessante, engenhoso pode-se dizer. Mas minha impressão é que é feito para turista ver, tudo muito artificial. Sei que realmente o povo morou assim durante séculos, mas hoje, apesar do guia dizer ao contrário, acho que passam o dia ali e vão pra casa em terra firme.
Retornando almoçamos e fomos descansar, a noite fizemos um lanche em uma padaria, do tipo paulista, com doces e salgados. Pudemos experimentar o Te Piteado, que é um chá com pisco, forte, esquenta até a alma.
Dia 15 - Puno PE / Arequipa PE
Saída tranquila pela manhã, seca, passando por Juliaca que agora nos mostrou mais agradável, pois optamos por passar pelo centro que não estava em obras, acertamos.
Um dos passos mais lindo, bom isso é complicado pois cada curva é mais linda que a outra, só belezas. Avistamos um belíssimo lago azul, imenso, azul turquesa, Lagunilla a 5.520m.
Paramos para fotos e ir no banheiro, peculiar por sinal: limpíssimo, mas sem descarga, que é feita com balde por um senhor. O teto do banheiro é de palha amarrada com tiras de couro de animal. Depois seguimos e passamos por um grande grupo de motociclistas na direção contrária, um dos únicos em toda a viagem.
Estava 9.5 graus, mas o frio foi intenso pois tinha muito vento e foram mais de 100km nessa situação.
Alguns quilômetros depois começamos a descer e contornar o vulcão Chachani e depois avistar o Misti, imponentes e assustadores. A quantidade de pedras na região é absurdas, são resultado de explosões vulcânicas.
Outra coisa interessante é que tem muita areia nos montes, igual a da praia, daquela cinza. A região é totalmente deserto, pedras e areias, mas mesmo assim linda.
Arequipa é diferente de tudo que vimos, é uma Espanha, seja pela arquitetura, quanto pelos habitantes e cultura. A Plaza de armas é esplendida, tudo em pedras vulcânicas brancas (por isso é conhecida como Ciudad Blanca).
Não comemos bem por lá, acho que foi escolha errada, no almoço pegamos um local que nos pareceu ser a primeira vez que atendiam um grupo, tudo atrapalhado e demorado, a janta com vista para Plaza de armas horrível, o serviço fraquíssimo e a comida tosca.
Fizemos duas visitas, uma ao belíssimo Monastério Santa Catalina e outra ao museu onde está a múmia Juanita, a mais antiga e bem conservada múmia inca encontrada congelada.
O clima é extremamente seco e ao cair do sol a temperatura cai junto cerca de 15 graus.
Dia 16 - Arequipa PE / Iquique CL
Dia muito difícil, quilometragem alta, 740km com fronteira. Saímos bem cedo e rodamos 450km até a fronteira que fica logo depois de Tacna e pouco antes de Arica, já no Chile.
As aduanas são próximas, mas não integradas, demoradas e estressantes. Faço comentários detalhados na caixa de Fronteiras.
Novamente experimentamos a sensação de sair de um microclima desértico para o litorâneo, nesse caso em direção a Iquique. A foto abaixo mostra os nuvens paradas na entrada do altiplano.
Já no Chile, é perceptível a melhora da infra, principalmente no que se referem a postos, todos com serviços, banheiros descentes, lanches. Os povoados também são mais distantes, mas maiores e melhores estruturados. Ainda tem um pouco de lixo demais pelo caminho, o vento leva tudo e acumula nos arbustos, lamentável. Abastecemos, lanchamos e tocamos em frente.
Pegamos um bom trecho da via em reforma, com terra batida, em bom estado, mas já escurecendo e parte dela andamos já no escuro, complicado.
Depois um bom trecho a noite numa belíssima estrada, ao lado direito um crepúsculo suave e acima o céu absurdamente estrelado. Assim fomos tocando até que o grupo se separou um pouco, por causa do movimento e ultrapassagens. Eu toquei a frente com o André e o Star e o Wolf vinham mais ao longe, como eles tinham GPS e sabiam onde ficava o hotel tocamos tranquilos.
Pilotamos umas 3h a noite, sendo 2h no planalto com temperatura agradável, depois pegamos uma cerração densa e fria, muito fria, na descida da serra, que nos acompanhou até a cidade de Iquique.
Esse trajeto lembrou o jogo Enduro do Atari, lembram? Neblina, gelo (no caso terra), pôr-do-sol, noite...
A chegada em Iquique é um show a parte, a pequena serra termina beirando um penhasco com vista para a cidade abaixo.
O Hotel foi bom, mas o chuveiro sacaneou, cortava água e esfriava, caramba, justo naquele dia que estávamos com muito frio e cansados, chegamos já quase as 22h. Depois nos acertamos com a água.
Os dois casais chegaram uns 20min depois, muito cansados também, nem jantaram e foram descansar. Nós e o André pedimos uma pizza e um vinho para ser entregue no hotel, depois de comer, sono dos justos.
Dia 17 - Iquique CL / San Pedro de Atacama CL
Decidimos seguir ao sul pelo litoral até Tocopilla, mesmo estando com uma forte nevoa e frio em todo o trecho a vista é muito bonita, é o encontro das placas tectônicas continental e do Pacífico, o deserto encontrando o mar.
Vimos alguns lobos marinhos pela costa, infelizmente nenhuma baleia. Logo ao virarmos para leste em Tocopilla e começarmos a subir o tempo abriu e assim seguimos por uma estrada belíssima.
Ali é o deserto do Atacama (área de 105mil km2), é sempre uma região belíssima pela sua aspereza, secura e imensidão.
A cidade de San Pedro do Atacama só é vista 5km antes de chegar, mas o vulcão Licamcabur já se mostra imponente dezenas de quilômetros antes.
Chagamos cedo, pelas 15h e fomos já procurar uma agência de turismo para fazer o passeio dos Geysers del Tatio. Optamos pela Turismo Layana (www.turismolayana.cl) que cobrou US$ 60,00 por pessoa para o passeio.
Final de tarde agradável, boa cerveja gelada na frente da praça e jantar no Adobe Restaurante acompanhado de vinho.
Dia 18 - San Pedro de Atacama CL
4h30 da manhã estávamos eu, Mi, André e casal Wolf esperando o ônibus para passeio, pensando que estava frio, doce ilusão.
Chegamos no parque dos gêiseres (90km de SPA) pelas 6h45 e a temperatura eram de insuportáveis -8.9 graus!
Nesse horário ainda está sem sol e o frio pega pesado, mas é assim o ideal para ver os gêiseres em seu furor. A água jorra em golfadas ferventes e muito vapor, que contrasta com o céus clareando.
Existem alguns córregos de água fervendo (por volta de 85 graus) e outros de água gelada, congelada, com muito gelo.
Forma-se uma piscina natural onde alguns doidos (André Bnu) aproveitam para dar um "agradável" mergulho matinal. Eu e a Mi só colocamos nosso pés e já foi demais, hehe.
É servido um café da manhã que vem em boa hora, logo que as pontas dos dedos já estão definitivamente gangrenando de tanto frio, ovos cozidos ajudam a aquecer. Café, chá de coca, lanche, muito legal.
Visitas agradáveis: passarinhos dos angry birds e uma linda raposa (já conhecida de muitos por lá).
Dali fomos conhecer a Vila de Machuca, onde experimentei espetinho de carne de lhama, nada de muito diferente. No caminho vimos também algumas viscachas perfeitamente camufladas na relva.
A noite fomos visitar um museu itinerante de meteoritos (www.museodelmeteorito.cl) valeu a visita.
Dia 19 - San Pedro de Atacama CL / Tilcara AR
Novamente acordamos cedo pois teríamos fronteira no caminho e sempre é uma incógnita. A subida para o Paso de Jama com o Licamcabur a nossa esquerda (ainda com uma lua acima) já vale o dia.
Mas a surpresa foi o gelo ao lado da pista, muito gelo. Parecia um bando de crianças de tão eufórico que ficamos, apesar de conhecermos por exemplo os Glaciares de Perito Moreno na Patagônia, ali o gelo estava ao nosso lado, ao nosso alcance. Chutaram, deitaram, pegaram hehe bom demais. Nem reclamamos dos 2graus de frio que estava, lembrando que a 100 km/h abaixa uns 10 graus com a sensação do vento.
Continuamos pelo altiplano que chega até 4800m, alguns rios e lagos ainda congelados, demais.
Para nossa surpresa, muito agradável, a aduana agora integrada não demorou mais que 20min para todas motos, que alívio.
Tem um ótimo posto anexo ao complexo, já na Argentina, que além de bom combustível tem lanches rápidos, também aceitam pesos chilenos o que facilita.
Comemos algo simples pois 90km a frente tem um oásis perto de Susques chamado Pastos Chicos, antigo hotel (hoje ne sei se anda faz hospedagem) que parece o bar dos "El Fuego" do filme Motoqueiros Selvagens.
Tem um restaurante fantástico, com um chef novo que prepara delícias. Pedimos um bife de Chorizo que não comemos um igual em toda a viagem, faltou lamber o prato de tão bom, grande, suculento, bem preparado. Eles servem empanadas deliciosas também.
Seguimos e a segunda euforia do dia foi o Salar Grande, que já conhecíamos também, mas dessa vez fomos fazer um passeio nele, muitas fotos, pulos, caras e bocas.
Depois vem os caracoles que é outro ponto clássico do trajeto, com suas curvas fechadas e Cordones (cactus enormes) pela encosta.
Nosso destino foi Tilcara mas antes passamos pela Quebrada de Humauaca, vale que hoje é patrimônio mundial pela Unesco; tem ali o Cerro de las Siete Colores. Fizemos o caminho por terra que passa em torno dele, mas pela posição do sol já sendo final do dia as cores não ficam tão fortes. Todos os pilotos deram PT nas cuecas nesse caminho, pois terra com curvas e depressões com a moto carregada de bagagens e garupa, não foi nada fácil.
Chegamos em Tilcara ainda claro, tomamos um banho e fomos jantar. A cidade é muito pequena e tem suas particularidades; o restaurante que nos indicaram e pelo que vimos o único ficava na frente da praça principal. A comida estava muito gostosa, bom vinho e cereja gelada, mas no meio da janta teve pedinte entrando no restaurante pra pedir esmola e cachorros andando embaixo das mesas. Nada de pedirem para sair, normal pra eles.
DIA 20 - Tilcara AR / Ibarreta AR
Esse caminho é novo para nós, na outra vez que passamos aqui pela região fizemos o Chaco pela Ruta 16 e dessa vez viemos pela Ruta 81, pois fomos até Asuncion PY. Sempre damos preferência em fazer uma rota diferente em cada viagem, é bom conhecer novos caminhos e alternativas.
Não muda muito, estradas lisas, retas intermináveis, 500km de reta... Talvez pelo mês, início de primavera, estava bem agradável a temperatura (pegamos 50graus na estrada em 2010).
O Star atropelou uma galinha d'água suicida, coitado, ficou chateado, mas não foi culpa dele; salvou um tatu no início da viagem, empate.
De diferente foi a paisagem que foi mudando durante o percurso, mas uma coisa que chamou a atenção foram uma árvores do tipo paineiras com um caule muito grosso, bonitas, creio que para armazenar mais água, adaptadas ao clima da região.
Tocamos bastante, 822km até a cidadela de Ibarreta. Bem na beira da estrada tem um hotel bem bonzinho, chuveiro bom, quarto limpo, motos no pátio.
Fomos jantar ao lado do posto em frente, uma espécie de cantina familiar, onde serviram um milanesa bem gostoso.
Compramos águas pois a da torneira do hotel era totalmente barrenta, escura, quem sabe vem do nome da cidade, Ibarreta.
DIA 21 - Ibarreta AR / Asuncion PY
Dia tranquilo, 370km com uma aduana de 20min (pagando propina, chegamos perto do Brasil). Estradas congestionadas, muitos caminhões e carros. Como sempre toda entrada de cidade grande é tumultuada, dia comercial com muitos ônibus. O Hotel bem no centro também deu estresse para chegar e estacionar, mas isso já estamos acostumados.
Asuncion é muito bonita, prédios antigos mas bem conservados, inúmeras lojas de eletrônicos, roupas, cosméticos, uma Ciudad del Este mais organizada.
Comemos muito bem tanto no almoço em um buffet quanto a noite em uma Parrilla, dica: peça um prato só pois vem caprichado demais.
Para compras não valeu a pena, muito parecido com o Brasil, mas o custo de vida por lá é baixo, pelo valor pago em alimentação e taxi. Outra coisa que chamou atenção foi vários carros sem placas, perguntamos a um taxista e ele explicou que são carros usados importados do Japão, com um ano ou pouco mais de uso a preços muito bons.
DIA 22 - Asuncion PY / Ibema PR
Final de viagem chegando e a agonia de chegar em casa é grande, saudades das crias e da rotina do dia a dia. Nessas horas que é muito importante ter atenção redobrada. A travessia do Paraguai foi bem tranquila, até demais, pois o movimento é imenso e estressante, assim a velocidade média caiu demais. Comparável com a BR470 trecho de Rio do Sul, sem pontos de ultrapassagem. É sem dúvida o mais brasileiro dos países que visitamos nessa aventura, vários postos e outros estabelecimentos para se alimentar e descansar no percurso, bem diferente do Peru por exemplo. Chegamos em Ciudad del Este perto do meio-dia, que inferno, muvuca. Na ponte uns 2km da passagem o transito já estava parado e fomos já abordados por uns moto-taxistas que mediante pagamento de propina (R$ 20,00 por moto) nos levaram por umas quebradas até a imigração e já na travessia da ponte. Aventura mesmo foi passar com a moto em um pequeno corredor com guia de um lado e gelos baianos do outro, ilesos conseguimos chegar do outro lado.
Paramos em posto, tomamos um café, comemos algo e nos despedimos do casal Star e casal Wolf, eles ficaram por lá para fazer a manutenção da moto na segunda-feira e continuar retorno.
Já saímos pelas 15h, e tocamos em frente até a entrada de Cascavel, onde o André também se despediu, pois iria até Francisco Beltrão em um encontro com a turma do G650GS.
Foi escurecendo e começamos a ver um local para dormir, já noite paramos em Ibema, na estrada mesmo tinha uma lanchonete com uma pousada anexa, coisa simples, mas com água quente e boa cama.
DIA 23 - Ibema PR / Blumenau SC
Saímos antes das 6h e viemos andando bem, sem transito nenhum, mas debaixo de uma neblina forte que nos acompanhou até perto de Curitiba. Dali é quase em casa. Paramos no Rudnick para almoçar e chegamos pelas 15h em casa. Pensa em uma alegria hehe
Bom, agora é organizar tudo, relato tá pronto, mas ainda tem vídeos, livro e organizar a próxima viagem.
No dia anterior fizemos em casa deliciosas bistecas de cordeiro com risoto ao fungue, estavam os amigos Emerson e Carla e a cunhada Giovana e o Mayco. De manhã às 8h o amigo José Márcio foi ao posto prestigiar nossa saída, grato. O cunhado Mayko nos acompanhou até Joinville com sua Harley.
E para variar, engarrafamento na BR 101, tentando passar a moto entre dois caminhões ela enroscou-se e quase fui para o chão, deu medo pois se caísse e o caminhão andasse sem me ver poderia passar por cima da moto facilmente, segui pelo acostamento a 20 km/h. A partir de Ponta Grossa, pegamos um tempo bom com "céu de Atacama", trânsito tranquilo, entre 16 e 30 graus. Lindos os campos amarelos do PR e o pôr-do-sol esplêndido. Conseguimos chegar até Marília, já escurecendo, assim ganhamos tempo no outro dia. Recebemos mensagem dos amigos Star e Glennan que poderíamos mudar o destino que será Rio Verde para Jataí em GO.
705km de Blumenau à Marília. 3 estados percorridos: SC, PR e SP.
DIA 02 - Marília SP / Jataí GO
Vimos muitos tucanos e corujas nessa região, o Cerrado é lindo demais, valeu rever. Perto da travessia para o MS já na barragem de Ilha Solteira quase tive uma pane seca, cheguei no posto com apenas 700ml de combustível no tanque, vim uma parte no vácuo da moto do André.
Barragem de Ilha Solteria
No almoço, à beira do rio Paraná, pedimos uma isca de peixe e comemos vendo saguis fazendo bagunça na árvore ao lado. Para variar André não pode ver uma água e já foi molhar os pés. Estava bem quente por lá, chegou a 36 graus, com clima extremamente seco. Bom para lavar alguma peça de roupa que em 2 horas uma camiseta tá seca.
Almoço no Rio Paraná
Chato é a quantidade de queimadas que além de estragar tudo ainda deixa o ar pesado e todo fechado. Isso vimos em grande parte da viagem, no norte do país, Peru, Argentina.
Chegamos já ao entardecer no Hotel Nacional onde estavam nos esperando os amigos. Fomos comer na rodoviária que ficava em frente e tem um restaurante bastante gostoso, boa carne.
735km de Marília a Jataí, em 10 horas.
3 estados percorridos: SP, MS e GO.
DIA 03 - Jataí GO / Chapada dos Guimarães MT
A fauna por aqui é rica e extravagante. Vimos araras daquelas azuis e amarelas, tucanos, emas e várias outras aves. Postos a cada 150km com gasolina terrível, a média de consumo cada vez pior. As estradas são boas, com pistas simples, sem muito movimento e quase nenhum caminhão, permitindo médias de 100 km/h.
???
Alongamento...
No caminho vimos plantações de algodão e seus rolos de colheita, muito legal.
Plantações de algodão
Inicialmente fiquei decepcionado com a Chapada, pois chegamos nela por cima, então estávamos na "chapada" e só percebi isso quando chegamos a beira do penhasco, é esplendidamente maravilhosa.
A noite um amigo do casal Wolf, o Delvo, nos levou comer um delicioso "Hipoglos" (pacú assado).
734km de Jataí à Chapada, em 10h.
Máxima de 37 graus.
DIA 04 - Chapada dos Guimarães MT / Vilhena RO
Dia cheio com grande quilometragem e muitas paisagens diferentes. Começamos por descer da chapada, podendo admirar os grandes paredões de pedra.
O desafio foi atravessar Cuiabá pois a cidade está em obras para a copa, então tudo bagunçada, graças ao Delvo que nos guiou rapidamente ganhamos um bom tempo.
Hoje vimos araras azuis, tatus (um foi quase atropelado pelo Star) e até preguiças! Também, infelizmente, vimos mortos na estrada cobras, lagartos, tamanduás, raposas e lobos. As estradas continuam ótimas. Não há fiscalização, mas o trânsito flui perfeito.
Fez 39 graus, e a tarde com nuvens, baixou pra 29 graus. Passamos pelo Rio Paraguai que depois voltamos a passar no próprio Paraguai. A mudança da vegetação é muito interessante, do cerrado passamos por um trecho de pantanal e depois já adentramos na floresta Amazônica.
Em frente ao hotel, que para variar chegamos pelas 18h30, tinha um boteco que servia caldos, comemos muito bem no Milton, um paulista especializado em comida mineira, radicado em Rondônia, caldos variados é sua especialidade.
11h de pilotagem, 850km. Atravessando o MT e adentrando RO.
DIA 05 - Vilhena RO / Porto Velho RO
Hoje foi dia de um calor úmido, de matar. A fauna continua surpreendendo, foi a vez de vermos macacos, araras azuis com rabo vermelho, outras todas vermelhas e alguns tucanos de bico preto. A estrada foi a pior até agora, muito remendo, alguns buracos, lombadas e caminhões.
O primeiro trecho foi muito lindo com a vegetação Amazônica, depois já transformou-se em campos abertos com muitas palmeiras, banhados e alguns rio grandes. Pegamos a primeira chuva, por sorte rápida, nem chegou a molhar, porém a noite em Porto Velho choveu bastante e com ventos fortes, mas limpou amanhecendo limpo.
Rondônia é horrível, me desculpe se algum leitor for da região, aproveite para reclamar com o governo local, pois as cidades em torno de Porto Velho perdem até para o interior do Peru.
Rodamos 700km.
DIA 06 - Porto Velho RO / Rio Branco AC
A saída de Porto Velho foi complicada, obras eternamente inacabadas... Estrada ruim com asfalto deteriorado em 70%. Bonita apenas no trecho da travessia da Selva Amazônica. Muito calor novamente, e um pouco de chuva mais tarde.
Um acontecimento que hoje vemos como engraçado mas na hora me deixou bastante nervoso, foi que ao pararmos para colocar a capa, o André saiu com o bauleto lateral totalmente aberto, escancarado, e eu atrás buzinando, gritando e dando sinal de luz, chovia e ele não via, até que me embestei em velocidade passando por ele e avisando.
Atravessamos o Rio Madeira, muito lindo, faz fronteira com a Bolívia. Conta a lenda local que a noite uns bagunceiros trocaram a bandeira da Bolívia pela do Flamengo, imagina a confusão hehe.
Quando chegamos a Rio Branco, a Milene já nos esperava no hotel, opa vida nova, já estava com a vista turva. Cidade muito agradável Rio Branco, oposto de Porto Velho, limpa, arborizada, rua mais largas, prédio bem cuidados e históricos. Por indicação do amigo Probst de Bento Gonçalves RS (gastropasseio.blogspot.com.br) fomos na loja Safira Motos de uma amiga, a Alexandra, querida demais, já nos atendeu por facebook uma semana antes agendando a troca de óleo das duas motos (Yamaha e Suzuki), são representantes Dafra e tem um rapaz que trabalhou anos na BMW, são motociclistas e deram muitas dicas.
Fomos comer perto do rio Acre e da ponte que nos lembrou a puente de la mujer de Buenos Aires, por sinal o local lembrou um pouco Puerto Madero.
530 km em 11h.
DIA 07 - Rio Branco AC / Puerto Maldonado PE
A cada dia há uma missão a ser concluída, não é fácil. Mesmo percorrendo trechos de menor quilometragem, sempre há algo que complica e acabamos chegando já quando escurecendo. Dessa vez foram as condições da estrada e a aduana, essa foi estresse.
Estrada nova ?!?!?!
Asfalto Brasil...
Iniciamos a famosa e "nova" Estrada do Pacífico e chegamos na aduana brasileira para pegar o carimbo de saída, foi rápido. Ainda em Assis Brasil fomos almoçar precariamente com um calor sufocante.
Almoço simples em Assis Brasil
Já começamos a ver vários e engraçados tuc-tuc, depois ficamos sabendo por experiência que são mais perigosos que engraçados. Quando chegamos na aduana peruana, ela estava fechada pro almoço! (???) Pois é, 1h de espera, e depois mais 2h para o "tio-cata-milho" cadastrar tudo nos sistemas.
2h para liberar 4 motos
banheiros no Peru
Dali foram boas as estradas até Puerto Maldonado, mas teve um problema, haviam inúmeras vilas no caminho, cada uma com dezenas de lombadas e a velocidade de 35km/h, ou seja, muita lentidão. As localidades no caminho são paupérrimas, com casas de madeira sem portas e janelas, muito lixo jogado, gente tomando banho em córregos...
Boas estradas peruanas
Vilas paupérrimas com dezenas de lombadas na estrada
Incrível e lamentável são a quantidade e extensão das queimadas na região, o ar fica insuportável. Outro problema constante são animais soltos na pista, é o padrão, vacas, cavalos, burros, porcos.
Fumaça em todo o percurso
Muitas queimadas
Animais diversos soltos na pista, cuidado!
Apesar de grande, Puerto Maldonado também é bem precária, pelo menos no setor em que andamos. Absurdo é o que buzinam no Peru, o tempo todo bibibi daqui biiiii dali, ensurdecedor e irritante, atrapalha demais pois você não sabe se é alguém do grupo precisando de algo. O hotel é do tipo turismo de selva, inclusive ali a região é de turismo amazônico. Quartos enormes e ótimo chuveiro, mas eles desligam a energia do ar condicionado de noite, só no ventilador, suamos bicas.
570km em 11h.
DIA 08 - Puerto Maldonado PE / Cusco PE
Esse era o dia mais temido da viagem, muitos boatos de neve, gelo na pista, soroche e etc. Todos os demônios exorcizados com êxito! Não vou dizer que foi tranquilo, mas foi bom demais.
O café da manhã do hotel foi algo de cinema; frutas, omeletes, doces... praticamente almoçamos! Depois, como de costume, saímos as 7h, tempo nublado, já colocamos a calça da capa de chuva, sorte que estava mais fresco (22 graus). Estrada perfeita, movimento médio no início, mais de motos pequenas, tuc tucs e raríssimos caminhões (todos de combustível). No pedágio moto não paga, bom. A chuva variou entre moderada e forte, e o medo era se molhar, pois 200km a frente pegaríamos muito frio.
Cuidado, zona de derrumbes
Em Quince Mil, uma pequena localidade, paramos pra abastecer, o posto não tinha combustível, e não tínhamos mais gasolina nos tanques para chegar a próxima localidade. Aproveitamos que fomos parados pela policia que só pediu o documento da minha moto e depois liberou todos, pedimos informações sobre como abastecer. Assim, indicados pela policia, apelamos para as tiendas (pequenas lojas), pequenos comércios de tudo um pouco e que de forma clandestina vendem combustível. Pagamos R$5,00 o litro, mas valeu a pena obviamente. O menino veio com um caneco grande, um galão (o combustível, mesmo nos postos, é vendido em galão, que ainda não descobrimos ser 3,5L, 4L ou 3,6L), usamos um filtro de tecido desses de café, mas percebemos que o combustível era totalmente limpo, não deixando nenhum resíduo no pano. Não sabemos se pela velocidade baixa que andamos em todo o percurso do Peru, mas o consumo foi baixíssimo, minha moto chegou a fazer 27 km/l em alguns abastecimentos.
Motoqueiros Selvagens hahahaha
Colocando as várias camadas de segundas peles
A cozinha da D. Patricia
Lomo saltado, delicia!
O próximo desafio seria encarar a subida de 250km de muita curva. No primeiro trecho choveu, a mata era mais fechada mas mesmo assim estava bonito. Atravessamos uma primeira serra, a Santa Rosa, de uns mil metros de altitude, alguns desbarrancamentos no caminho, mas a estrada é ótima, asfalto perfeito. Depois um Paso de 4.750m (Abra Pirhuayani) e outro de 4.150m, ambos de tirar o fôlego de lindos, já avistando vários picos nevados. Pegamos 4 graus, mas seco, suportáveis, pois a velocidade era baixa. Na parada para a foto no Abra Pirhuayani vimos duas coisas que a mim me desagradaram muito, uma foi uma menina que ao ouvir as motos ao longe correu para a estrada, se ajoelhou e colocou as mãos a frente pedindo dinheiro, enquanto sua mãe sentada na soleira da porta observava, triste usar uma criança assim. Depois na parada da placa outras três crianças vieram pedir moedas também, rosto com pele queimada do frio, roupas rotas, difícil.
A noite fomos comer em um restaurante na Plaza de Armas, que é exuberante. Dividi o tal do Cuye (porquinho da índia) com o André (que não gostou), mas não estava legal mesmo, pois deve ter sido requentado e não estava pururuca, estava borrachudo, mesmo assim valeu para saborear.
Cuye é tão típico que até foi servido na Santa Ceia
Pisco Sour e Cusqueña (quente)
470km em 11h.
DIAS 9 e 10 - Cusco PE
Nos surpreendemos, pois achávamos que o centro histórico fosse muito menor do que realmente é. A região de Cusco tem 800mil habitantes, a grande Cusco 500mil e a cidade 300mil. Impressionante como os espanhóis subjugaram o povo Inca, desmontaram monumentos, e com as pedras construíram imponentes igrejas, base sólida de pedras Incas e corpo Espanhol. A Plaza de Armas é fantástica, exuberante, duas grandes igrejas e outras construções monumentais. Há tantas coisas para se ver em Cusco e em suas redondezas que não é exagero compará-la com Roma. Seriam necessários alguns dias para conseguir ver e conhecer tudo, nem museus tivemos tempo de visitar.
Variedade de milhos e batatas
Tabule de quinua
Por conta própria visitamos a plaza de armas, a Calle Hatunrumiyoc onde tem o muro com a pedra de doze faces (espetacular) a moderna Avenida El Sol onde estão os bancos. Almoçamos no El Truco bonito restaurante na frente da Plaza Regocijo uma quadra da Plaza de armas, boa comida, música andina ao vivo e uma decoração peculiar num prédio da época, vale a visita.
Pedra das 12 faces
Como !??!?!
Fizemos uma excursão muito legal já pela agência Qorianka Tours, a que nos levou para Machu Picchu. Iniciamos visitando uma vila têxtil chamada Chinchero, onde foi mostrado como fazem as peças. Era apresentado por uma local típica que mostrou em detalhes como eram feita lã, lavagem e tingimento usando os produtos naturais locais, e tinha também um mercadinho de artesanato (nada barato, sorte que não tinha espaço para trazer qualquer coisa).
Sou o da esquerda ok?
Imagem que simboliza o Condor (Quechuas) e o touro (Espanhois)
Depois fomos ao laboratório agronômico terraços de Moray onde pudemos entender o quanto eram avançados na engenharia e agricultura os Incas.
Terminamos visitando as minas de sal de Maras, Marasvilha! O Guia Aquino estuda antropologia, dá aula de quechua e muitas outras coisas, foi o melhor de toda a viagem, suas explicações foram sempre bem acaloradas e completas.
Cada família cuida da sua pequena área, herdada de geração em geração
Todo o sal vem dessa pequena nascente de água salina
Experimentamos o Milho gigante e suco de chicha morada, feito daquele milho de cor vinho com limão, abacaxi e maçã, uma delícia.
Passamos em frente das ruínas de Sacsayhuaman que fica na periferia da cidade de Cusco, nesse não entramos apenas observamos de longe, ali perto perto também paramos no mirante no alto de Cusco.
Visitamos também o mercado de artesanato para comprar regalos para a família. A noite outro ótimo jantar com entrada de Cebiche (ceviche, peixe cru temperado) e um gostoso vinho tinto peruano de uva Sirah.
DIA 11 - Cusco PE / Aguas Calientes PE
De manhã cedo a guia nos pegou no hotel e nos levou em um café da manhã diferenciado, pois comentamos que o café do hotel era sofrível. Café Ayllu (www.cafeayllu.com - Calle Marquez, 263), a variedade era imensa mas pedimos omelete, huevos revueltos, panqueca e doces, foi quase um almoço, e tudo muito barato. Ah, cabe aqui comentar que o taxi no Peru é ridiculamente barato, coisa de trocado, Paraguai também.
Pegamos a van e fomos até um mini zoo com varias espécies de lhamas e alpacas, vicunhas por serem selvagens não tinha lá, mas essa já vimos centenas pelas estradas. Dali seguimos e paramos em um mirante de frente para o Vale Sagrado, realmente lindo, montanhas cercando o rio, ao fundo um monte nevado.
Paramos nas Ruínas de Pisac que fica na Cordillera de Vilcabamba, o nome significa Perdiz pois tem esse formato, era comum aos incas construírem as cidades na forma de animais (Cusco é de puma). A construção dessas ruínas é atribuída a pré-incas e incas e elas se destacam por estarem numa região de 3.400m. O lugar era um centro administrativo e foi construído com arquitetura especial, própria para evitar possíveis danos provocados por abalos sísmicos. Suas terraças são peculiares e também se destacam os buracos feitos nas montanhas para depositar mortos e corpos mumificados.
Escadas de pedras
Paramos para almoçar no Restaurante Muña que fica no caminho para Ollantaytambo, bom demais, comida típica preparada por chef, ambiente agradável, boa música. Cebiche, batatas típicas, alpaca, comi muito!
Próxima parada foi Ollantaytambo (2.800m), a única cidade da era inca no Peru ainda habitada. Em seus palácios vivem os descendentes das casas nobres cusquenhas. Esta cidade constituiu um complexo militar, religioso, administrativo e agrícola. Preparem-se para subir muito, as ruínas ficam em uma cordilheira. As pedras utilizadas para sua construção vieram de quilômetros de distância atrás de outra cordilheira, incrível. Alguns lugares perdem a graça pela quantidade de pessoas que visitam ao mesmo tempo, mas nesse foi diferente, pois o local é muito grande e comporta a todos, fica bonito de ver a fila de pessoas subindo, faz pensar em como foi na época de sua construção.
A LENDA DE OLLANTAYTAMBO Uma lenda diz que Ollantaytambo deve seu nome a uma história de amor. Apaixonado pela filha do imperador inca Pachacutec, o chefe Ollanta decidiu raptá-la. Para resgatar sua filha, Pachacutec atacou a cidade e deu início a um conflito que durou dez anos. Mas o amor se mostrou o verdadeiro vencedor. Após a morte de Pachacutec, seu filho, o novo imperador, concedeu a mão de sua irmã Cusi a Ollanta, que passou a ser um oficial de confiança. |
Deus Viracocha na montanha
Culto a água, uma das inúmeras fontes que vimos
O trajeto leva 1h30 e é muito bonito, vai percorrendo o lado do rio Urubamba cercado por enormes cordilheiras com alguns topos cobertos de neve. Aguas Calientes fica no meio desses montes, praticamente não se anda de carro dentro da cidade, são ruas estreitas com hotéis e restaurantes.
O hotel que ficamos foi uma benção, para compensar o de Cusco, um baita chuveiro e uma cama box de primeira. Fomos jantar e descansar, pois no dia seguinte teria a tão esperada subida a Machu Picchu. De madrugada, chuva, forte... putz, e agora... estresse.
PACOTE CUSCO
Valor US$ 300 por pessoa
Agência Qorianka Tours (Calle Suecia, 300 - Cusco)
- Vila Têxtil Chinchero
- Laboratório agrícola Terraços de Moray
- Minas de sal Maras
- Mirante em Cusco com passagem pelas ruínas de Sacsayhuaman
- Mini zoo de lhamas
- Ruínas de Pisac
- Almoço típico
- Ruínas de Ollantaytambo
- Passagem de trem Inca Rail (ida e volta)
- Passagem de ônibus até Machu Picchu (ida)
- Traslados diversos até o hotel
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Acordamos cedo, as 5h e ainda estava chovendo, tenso. Mas durante o café da manhã o tempo já meio que foi melhorando, ufa! O guia se atrasou uns 40min na praça principal, e quase fomos sem ele, mas a esposa dele apareceu pedindo desculpas e disse que ele estava nos esperando lá em cima na entrada de Machu Picchu (2.400m). Pegamos o micro ônibus, tensos, agoniados, afinal aquele ali era o nosso objetivo maior (não o único, muita coisa ainda pela frente). É uma subida forte, em piso de chão, curvas fechadas, caracoles de terra. Não se consegue ter visão das ruínas até estar quase na entrada. No caminho mais garoa, meio forte, pensamos que ferrou, paciência, agora seria com chuva mesmo. Ao chegar, banheiro foi a primeira providência, pois só tem ali na entrada, compramos umas capas daquelas de plástico bem fino e vamos a dentro. Cerração forte e a visão um tanto bloqueada, mas mesmo assim, que emoção, que lugar, que energia.
Quadro que mostra como deveria ser Machu Picchu em sua vida
Cerração se dissipando
Enquanto o guia nos explicava sobre tudo, logo na entrada com uma vista já privilegiada, o tempo foi firmando e abrindo, guardamos as capas e só alegria. A visita guiada dura cerca de 2h e percorre os pontos principais, se fosse o guia Aquino certamente teria sido bem mais proveitoso.
Edificações em dois andares
Perfeição feita a mão (será?)
Pedra que replica os montes ao fundo
Canalizações de água por todo a cidade
Depois que o guia se despediu fomos andar, andar e andar, muito. Nos dividimos, naquele dia a Milene não estava 100%, cólicas e estomago reclamando. Casal Star também ainda se recuperando de uma forte gripe, assim eu, André e a Helena fomos desbravar outros caminhos. Como não conseguimos ingressos para subir a montanha Huayna Picchu e nem a Machu Picchu, pois são limitados diariamente e precisam ser reservados com uns 2 meses de antecedência, resolvemos seguir a antiga trilha inca, para a esquerda até uma pedra linda que usam para orações e depois para a direita até a Ponte Inca do outro lado do morro, em um caminho muito legal.
Ponte inca
Ficamos umas 5h por lá, outras 5 seriam necessárias para se ver tudo. O que mais me chamou atenção é a engenharia dos Incas, principalmente no que se trata de canalização das águas e encaixe das pedras (a mim e a todos né hehe).
Visita feita, pegamos o ônibus de volta a Águas Calientes e as 19h o trem para Ollamtaytambo (tínhamos preferência para o das 14h, mas não conseguimos mais vaga), onde outro ônibus da agência nos esperava para levar-nos até o hotel. Chegamos pelas 23h cansados, mas realizados.
Dia 13 - Cusco PE / Puno PE
Como já comentei, quase não pegamos chuva nessa viagem, mas nesse dia saímos com uma garoa, fina e chata. O pior não é a chuva em si, mas as malditas capas que são um saco para colocar e tirar, sem ventilação, uma sauna.
O caminho é muito bonito, a estrada passa ao meio de uma vale cercado por lindas cordilheiras. Fomos driblando as nuvens de chuva, e a chuva, pois em vários pontos vimos cortinas de água ao longe. Em certo ponto passamos ao lado de um morro que estava nevando, tinha uma fina camada de neve sobre toda sua encosta, lindo. Passamos pelo Abra La Raya com 4.470m de altitude, mas a temperatura estava agradável.
Denominei aquele trecho de "La ruta de los perros", uma das mais lindas estradas da viagem, altiplano com vastos pastos com muitos pastores de ovelhas, ao fundo os picos nevados. Cachorros por toda a estrada sentados no acostamento, muitos mesmo, depois imaginamos que vigiando para as ovelhas e gado não entrarem na estrada.
Nosso caminho para Puno passava por Juliaca, ou como chamamos, Julinhaca pois enfrentamos um caos na passagem por lá. A rota que passa pela Circunvalacion estava literalmente explodida, toda sua extensão sem piso, uma mistura de concreto esburacado com terra. O transito é surreal, carros, motos, tuc tuc, pedestres, todos dividindo o mesmo espaço e no grito e buzinaço ganhando terreno. Seguimos assim por cerca de sofridos 15km até conseguir chegar na estrada novamente.
Isso e mais o movimento a frente atrasou bastante nossa viagem, chegamos em Puno já noite, por sinal com uma linda lua nascendo ao fundo do lago Titicaca (só percebemos isso no outro dia de manhã).
Fomos procurar o hotel que ficava bem no centro, duas quadras da Plaza de Armas, e mais um susto, mais um caos, agora por conta da rua do hotel que também estava explodida. Paramos na esquina e fomos ver com o hotel, que prontamente nos auxiliaram com as bagagens e depois nos indicaram o estacionamento coberto e fechado na rua ao lado, ufa!
Rua demolida do Hotel Camiño Real
Hotel bom, com ótimo chuveiro e cama grande e confortável. Fomos jantar na peatonal (rua de pedestres) que tem inúmeros restaurantes, comida muito boa e preço justo. O local é frio a noite e de manhã cedo e já mais seco (lavamos várias roupas que secaram facilmente pela noite)
A altitude de 3.800m judiou dessa vez tanto da Milene que teve uma forte dor de barriga de madrugada quanto a Helena que foi mais sério, vomito e dor de barriga por dois dias.
Dia 14 - Puno PE
Existem dois passeios pelo lago Titicaca, um que dura quase o dia todo, voltando pelas 17h e outro mais rápido que retorna pelas 12h, optamos pelo segundo, pois queríamos descansar para a viagem do outro dia, contratado e pagos no hotel mesmo (US$ 20 por pessoa).
A van nos pegou as 8h e foi até o cais onde embarcamos. 1h de trajeto onde um guia explica sobre a região, depois descemos numa das pequenas ilhas. É interessante, engenhoso pode-se dizer. Mas minha impressão é que é feito para turista ver, tudo muito artificial. Sei que realmente o povo morou assim durante séculos, mas hoje, apesar do guia dizer ao contrário, acho que passam o dia ali e vão pra casa em terra firme.
Retornando almoçamos e fomos descansar, a noite fizemos um lanche em uma padaria, do tipo paulista, com doces e salgados. Pudemos experimentar o Te Piteado, que é um chá com pisco, forte, esquenta até a alma.
Dia 15 - Puno PE / Arequipa PE
Saída tranquila pela manhã, seca, passando por Juliaca que agora nos mostrou mais agradável, pois optamos por passar pelo centro que não estava em obras, acertamos.
Um dos passos mais lindo, bom isso é complicado pois cada curva é mais linda que a outra, só belezas. Avistamos um belíssimo lago azul, imenso, azul turquesa, Lagunilla a 5.520m.
Paramos para fotos e ir no banheiro, peculiar por sinal: limpíssimo, mas sem descarga, que é feita com balde por um senhor. O teto do banheiro é de palha amarrada com tiras de couro de animal. Depois seguimos e passamos por um grande grupo de motociclistas na direção contrária, um dos únicos em toda a viagem.
Estava 9.5 graus, mas o frio foi intenso pois tinha muito vento e foram mais de 100km nessa situação.
Alguns quilômetros depois começamos a descer e contornar o vulcão Chachani e depois avistar o Misti, imponentes e assustadores. A quantidade de pedras na região é absurdas, são resultado de explosões vulcânicas.
Misti e Chachani ao fundo
Outra coisa interessante é que tem muita areia nos montes, igual a da praia, daquela cinza. A região é totalmente deserto, pedras e areias, mas mesmo assim linda.
Arequipa é diferente de tudo que vimos, é uma Espanha, seja pela arquitetura, quanto pelos habitantes e cultura. A Plaza de armas é esplendida, tudo em pedras vulcânicas brancas (por isso é conhecida como Ciudad Blanca).
Não comemos bem por lá, acho que foi escolha errada, no almoço pegamos um local que nos pareceu ser a primeira vez que atendiam um grupo, tudo atrapalhado e demorado, a janta com vista para Plaza de armas horrível, o serviço fraquíssimo e a comida tosca.
Fizemos duas visitas, uma ao belíssimo Monastério Santa Catalina e outra ao museu onde está a múmia Juanita, a mais antiga e bem conservada múmia inca encontrada congelada.
O clima é extremamente seco e ao cair do sol a temperatura cai junto cerca de 15 graus.
Foto UOL (não é permitido tirar fotos da mocinha)
Dia 16 - Arequipa PE / Iquique CL
Dia muito difícil, quilometragem alta, 740km com fronteira. Saímos bem cedo e rodamos 450km até a fronteira que fica logo depois de Tacna e pouco antes de Arica, já no Chile.
As aduanas são próximas, mas não integradas, demoradas e estressantes. Faço comentários detalhados na caixa de Fronteiras.
Casas de palha dos mineiros da região
Novamente experimentamos a sensação de sair de um microclima desértico para o litorâneo, nesse caso em direção a Iquique. A foto abaixo mostra os nuvens paradas na entrada do altiplano.
Já no Chile, é perceptível a melhora da infra, principalmente no que se referem a postos, todos com serviços, banheiros descentes, lanches. Os povoados também são mais distantes, mas maiores e melhores estruturados. Ainda tem um pouco de lixo demais pelo caminho, o vento leva tudo e acumula nos arbustos, lamentável. Abastecemos, lanchamos e tocamos em frente.
Pegamos um bom trecho da via em reforma, com terra batida, em bom estado, mas já escurecendo e parte dela andamos já no escuro, complicado.
Depois um bom trecho a noite numa belíssima estrada, ao lado direito um crepúsculo suave e acima o céu absurdamente estrelado. Assim fomos tocando até que o grupo se separou um pouco, por causa do movimento e ultrapassagens. Eu toquei a frente com o André e o Star e o Wolf vinham mais ao longe, como eles tinham GPS e sabiam onde ficava o hotel tocamos tranquilos.
Pilotamos umas 3h a noite, sendo 2h no planalto com temperatura agradável, depois pegamos uma cerração densa e fria, muito fria, na descida da serra, que nos acompanhou até a cidade de Iquique.
Esse trajeto lembrou o jogo Enduro do Atari, lembram? Neblina, gelo (no caso terra), pôr-do-sol, noite...
A chegada em Iquique é um show a parte, a pequena serra termina beirando um penhasco com vista para a cidade abaixo.
O Hotel foi bom, mas o chuveiro sacaneou, cortava água e esfriava, caramba, justo naquele dia que estávamos com muito frio e cansados, chegamos já quase as 22h. Depois nos acertamos com a água.
Os dois casais chegaram uns 20min depois, muito cansados também, nem jantaram e foram descansar. Nós e o André pedimos uma pizza e um vinho para ser entregue no hotel, depois de comer, sono dos justos.
Dia 17 - Iquique CL / San Pedro de Atacama CL
Decidimos seguir ao sul pelo litoral até Tocopilla, mesmo estando com uma forte nevoa e frio em todo o trecho a vista é muito bonita, é o encontro das placas tectônicas continental e do Pacífico, o deserto encontrando o mar.
Vimos alguns lobos marinhos pela costa, infelizmente nenhuma baleia. Logo ao virarmos para leste em Tocopilla e começarmos a subir o tempo abriu e assim seguimos por uma estrada belíssima.
Ali é o deserto do Atacama (área de 105mil km2), é sempre uma região belíssima pela sua aspereza, secura e imensidão.
?!?!?!?!!?!?
Repare que ao lado esquerdo das moto tem algo no acostamento, era um cara, sentado, encostado em sua sacola, olhando para o nada, sem explicação ?!?!??!A cidade de San Pedro do Atacama só é vista 5km antes de chegar, mas o vulcão Licamcabur já se mostra imponente dezenas de quilômetros antes.
Chagamos cedo, pelas 15h e fomos já procurar uma agência de turismo para fazer o passeio dos Geysers del Tatio. Optamos pela Turismo Layana (www.turismolayana.cl) que cobrou US$ 60,00 por pessoa para o passeio.
Madeira de cactus usada na igreja de SPA
Final de tarde agradável, boa cerveja gelada na frente da praça e jantar no Adobe Restaurante acompanhado de vinho.
Licamcabur ao fundo
Dia 18 - San Pedro de Atacama CL
4h30 da manhã estávamos eu, Mi, André e casal Wolf esperando o ônibus para passeio, pensando que estava frio, doce ilusão.
Chegamos no parque dos gêiseres (90km de SPA) pelas 6h45 e a temperatura eram de insuportáveis -8.9 graus!
Nesse horário ainda está sem sol e o frio pega pesado, mas é assim o ideal para ver os gêiseres em seu furor. A água jorra em golfadas ferventes e muito vapor, que contrasta com o céus clareando.
Existem alguns córregos de água fervendo (por volta de 85 graus) e outros de água gelada, congelada, com muito gelo.
Forma-se uma piscina natural onde alguns doidos (André Bnu) aproveitam para dar um "agradável" mergulho matinal. Eu e a Mi só colocamos nosso pés e já foi demais, hehe.
Visitas agradáveis: passarinhos dos angry birds e uma linda raposa (já conhecida de muitos por lá).
A noite fomos visitar um museu itinerante de meteoritos (www.museodelmeteorito.cl) valeu a visita.
Dia 19 - San Pedro de Atacama CL / Tilcara AR
Novamente acordamos cedo pois teríamos fronteira no caminho e sempre é uma incógnita. A subida para o Paso de Jama com o Licamcabur a nossa esquerda (ainda com uma lua acima) já vale o dia.
Mas a surpresa foi o gelo ao lado da pista, muito gelo. Parecia um bando de crianças de tão eufórico que ficamos, apesar de conhecermos por exemplo os Glaciares de Perito Moreno na Patagônia, ali o gelo estava ao nosso lado, ao nosso alcance. Chutaram, deitaram, pegaram hehe bom demais. Nem reclamamos dos 2graus de frio que estava, lembrando que a 100 km/h abaixa uns 10 graus com a sensação do vento.
Medo de formação de gelo nesses derretimentos
Para nossa surpresa, muito agradável, a aduana agora integrada não demorou mais que 20min para todas motos, que alívio.
Tem um ótimo posto anexo ao complexo, já na Argentina, que além de bom combustível tem lanches rápidos, também aceitam pesos chilenos o que facilita.
Reserva nacional Los Flamencos
Tem um restaurante fantástico, com um chef novo que prepara delícias. Pedimos um bife de Chorizo que não comemos um igual em toda a viagem, faltou lamber o prato de tão bom, grande, suculento, bem preparado. Eles servem empanadas deliciosas também.
Seguimos e a segunda euforia do dia foi o Salar Grande, que já conhecíamos também, mas dessa vez fomos fazer um passeio nele, muitas fotos, pulos, caras e bocas.
Caminho em Humauaca
Chegamos em Tilcara ainda claro, tomamos um banho e fomos jantar. A cidade é muito pequena e tem suas particularidades; o restaurante que nos indicaram e pelo que vimos o único ficava na frente da praça principal. A comida estava muito gostosa, bom vinho e cereja gelada, mas no meio da janta teve pedinte entrando no restaurante pra pedir esmola e cachorros andando embaixo das mesas. Nada de pedirem para sair, normal pra eles.
Esse caminho é novo para nós, na outra vez que passamos aqui pela região fizemos o Chaco pela Ruta 16 e dessa vez viemos pela Ruta 81, pois fomos até Asuncion PY. Sempre damos preferência em fazer uma rota diferente em cada viagem, é bom conhecer novos caminhos e alternativas.
Não muda muito, estradas lisas, retas intermináveis, 500km de reta... Talvez pelo mês, início de primavera, estava bem agradável a temperatura (pegamos 50graus na estrada em 2010).
O Star atropelou uma galinha d'água suicida, coitado, ficou chateado, mas não foi culpa dele; salvou um tatu no início da viagem, empate.
De diferente foi a paisagem que foi mudando durante o percurso, mas uma coisa que chamou a atenção foram uma árvores do tipo paineiras com um caule muito grosso, bonitas, creio que para armazenar mais água, adaptadas ao clima da região.
Tocamos bastante, 822km até a cidadela de Ibarreta. Bem na beira da estrada tem um hotel bem bonzinho, chuveiro bom, quarto limpo, motos no pátio.
Fomos jantar ao lado do posto em frente, uma espécie de cantina familiar, onde serviram um milanesa bem gostoso.
Compramos águas pois a da torneira do hotel era totalmente barrenta, escura, quem sabe vem do nome da cidade, Ibarreta.
DIA 21 - Ibarreta AR / Asuncion PY
Dia tranquilo, 370km com uma aduana de 20min (pagando propina, chegamos perto do Brasil). Estradas congestionadas, muitos caminhões e carros. Como sempre toda entrada de cidade grande é tumultuada, dia comercial com muitos ônibus. O Hotel bem no centro também deu estresse para chegar e estacionar, mas isso já estamos acostumados.
Asuncion é muito bonita, prédios antigos mas bem conservados, inúmeras lojas de eletrônicos, roupas, cosméticos, uma Ciudad del Este mais organizada.
Cansados...
Comemos muito bem tanto no almoço em um buffet quanto a noite em uma Parrilla, dica: peça um prato só pois vem caprichado demais.
Para compras não valeu a pena, muito parecido com o Brasil, mas o custo de vida por lá é baixo, pelo valor pago em alimentação e taxi. Outra coisa que chamou atenção foi vários carros sem placas, perguntamos a um taxista e ele explicou que são carros usados importados do Japão, com um ano ou pouco mais de uso a preços muito bons.
Final de viagem chegando e a agonia de chegar em casa é grande, saudades das crias e da rotina do dia a dia. Nessas horas que é muito importante ter atenção redobrada. A travessia do Paraguai foi bem tranquila, até demais, pois o movimento é imenso e estressante, assim a velocidade média caiu demais. Comparável com a BR470 trecho de Rio do Sul, sem pontos de ultrapassagem. É sem dúvida o mais brasileiro dos países que visitamos nessa aventura, vários postos e outros estabelecimentos para se alimentar e descansar no percurso, bem diferente do Peru por exemplo. Chegamos em Ciudad del Este perto do meio-dia, que inferno, muvuca. Na ponte uns 2km da passagem o transito já estava parado e fomos já abordados por uns moto-taxistas que mediante pagamento de propina (R$ 20,00 por moto) nos levaram por umas quebradas até a imigração e já na travessia da ponte. Aventura mesmo foi passar com a moto em um pequeno corredor com guia de um lado e gelos baianos do outro, ilesos conseguimos chegar do outro lado.
Paramos em posto, tomamos um café, comemos algo e nos despedimos do casal Star e casal Wolf, eles ficaram por lá para fazer a manutenção da moto na segunda-feira e continuar retorno.
Já saímos pelas 15h, e tocamos em frente até a entrada de Cascavel, onde o André também se despediu, pois iria até Francisco Beltrão em um encontro com a turma do G650GS.
Foi escurecendo e começamos a ver um local para dormir, já noite paramos em Ibema, na estrada mesmo tinha uma lanchonete com uma pousada anexa, coisa simples, mas com água quente e boa cama.
DIA 23 - Ibema PR / Blumenau SC
Saímos antes das 6h e viemos andando bem, sem transito nenhum, mas debaixo de uma neblina forte que nos acompanhou até perto de Curitiba. Dali é quase em casa. Paramos no Rudnick para almoçar e chegamos pelas 15h em casa. Pensa em uma alegria hehe
Bom, agora é organizar tudo, relato tá pronto, mas ainda tem vídeos, livro e organizar a próxima viagem.
Cada participante da viagem postou suas percepções da viagem com seus pontos fortes e fracos: PONTOS FORTES - A relativa sensação de segurança em praticamente todos os lugares - Ausência de acidentes, sustos e problemas com polícia - A ausência de radares e fiscalização que permite fluir com tranquilidade as estradas geralmente vazias e sem buracos (só faltam mais curvas...) - Cordialidade em geral - O oásis Rio Branco - Resvalar a floresta amazônia, tanto do lado brasileiro quanto do lado peruano - As diversas travessias da cordilheira (Abras e Pasos) - A ausência de dor de cabeça, enjoo, tontura etc em mais essa expedição na altitude - Zé ter evitado o atropelamento do tato-bola em Rondônia - Neve e gelo no Paso de Jama - Céu de Atacama - Rutas entre montanhas desérticas e o Pacífico. - A orla de Iquique a Tocopilla, pois estávamos passando por cima do encontro entre as placas tectônicas continental e do Pacífico - Plaza de armas de Cusco e Arequipa - Mosteiro Santa Catalina em Arequipa - O bifão no restaurante Pastos Chicos no Paso de Jama - O chopp na pracinha em San Pedro - O guia Aquino, antropólogo de cusco - A simpatia das lhamas, vicunhas, alpacas e afins - Hotel em Puerto Maldonado com seu café da manhã - Abastecimento em Quince Mil e depois o almoço na bodega da Patrícia - Ainda na travessia dos Andes, a emoção de ver os primeiros terraços incas e o vale sagrado - Machu Picchu - Laboratório agronômico Moray - Ollantaytambo - Geysers del Tatio - Salina Grande - A sensação de civilização e esperança ao chegar a relativa organização chilena, com suas notas fiscais até pra picolé, com suas placas de PARE onde as pessoas param - Postos de gasolina do Chile e Argentina em comparação com os do Perú - Quebrada e Humahuaca - Passeio pelo cerro de siete colores - Surpreendente Assunção e o Paraguai, menos ruim do que se esperava PONTOS FRACOS - A sujeira e bagunça das cidades a partir de Cuiabá, Rondônia, a fronteira com peru - A zona tuctuc e bipbip de Puerto Maldonado (tb cusco, julinhaca, etc...) - O frio ameno da interoceânica (ou isso seria positivo ?) - A superlotação das ruínas incas, principalmente Machu Picchu - Alguns chuveiros, desayunos e cheiros de mofo (mas somos locos por America, eso es America, no Europa...) - O caos da ponte da amizade (mas é folclórico, até, e deu tudo certo) - A sensação de decadência vendo os quechuas, tao orgulhosos do seu passado inca, mas estagnados nos seus subúrbios poeirentos... - Uma certa sensação de estar comprando made in china nas tipicas ilhas de junco pra turista ver, ou de participar de uma disneylandia, de atracões meio "overrated" - A sensação de desesperança com toda aquela secura e pó - As obras em Julinhaca, com seus barracos de tijolo incompletos, as esperas de aço, inusitados enfeites, espetando o céu - O campo minado das ruas de Puno - A preocupação com a variação de temperatura (logística da troca de roupa e tudo mais) - Preocupação com as distâncias longas em alguns trechos - Chuva e derrumbres na interoceânica - Chuva, calor e umidade na amazônia, seguidos da cordilheira gelada - Hotel em Cusco - Demora na aduada na entrada do Peru e depois na saída com entrada no Chile - Chegada em Iquique à noite depois de forte neblina e frio - Aduana Paraguaia (entrada e saída) - Queimadas na amazônia brasileira e peruana. |